O início da pandemia do novo coronavírus nos trouxe várias interrogações e a principal delas era em relação ao trabalho e como seria nos dias de quarentena. Tal como ocorreu em outros países, a tecnologia veio em nosso socorro e passamos a trabalhar remotamente, adaptando-nos ao “novo normal”, em que a presença física está descartada.
O problema – e sempre há alguns – é que nem todos estão bem afeitos aos meios tecnológicos e tem dificuldade para usá-los. É verdade que usamos ferramentas como WhatsApp e Face Time, para citar apenas dois, para nos comunicar. Mas até então, fazíamos face a face, não envolvendo várias pessoas que, em alguns casos, podem chegar as centenas.
NOVOS APLICATIVOS
Nesse “novo normal” uma boa conexão de internet tornou-se essencial e fomos descobrindo que existem aplicativos, novos para muito, mas antigos para outros, que nos ajudam a nos conectar, discutir em grupo, decidir ações e realizar o trabalho. De casa, no seu canto preferido ou em qualquer lugar do mundo o trabalho é possível. E foi isso que milhões de pessoas descobriram.
O fato é que esse tipo de trabalho não é inclusivo. Mesmo ele sendo possível temos aqueles que, por especificidades de suas profissões ou atividades, não tem como trabalhar remotamente. Vivemos, assim, duas realidades bem diferentes. E quem pode ficar em casa, isolado, realizando seu trabalho, acaba tendo o privilégio de se preservar da infecção pela Covid 19.
IMENSO FOSSO
A diferenciação entre quem está cumprindo o isolamento social e quem não o pode fazer nos leva a outro assunto: a desigualdade social. A pandemia do novo coronavírus escancarou o que muitos queriam mais escondido: o imenso fosso que existe entre os que tem e os que não tem. E essa desigualdade tem sido exposta mesmo nos países mais ricos, como a Suíça, com gente formando filas para receber comida.
No caso do Brasil, um bom exemplo são as filas à porta das agências da Caixa Econômica, com milhares de pessoas em busca de conseguir a Renda Básica Emergencial aprovada pelo Congresso Nacional e tão mal executada pelo Governo. É aqui que vemos que temos dois mundos distintos. Em um deles, estamos nós, que podemos trabalhar em casa. No outro, quem tem de estar na rua, buscando ganhar hoje o que vai gastar hoje mesmo.
NOVO NORMAL
E é a partir do que estamos vivendo que podemos antever como será o “novo normal” do mundo pós pandemia. No caso do trabalho, especialistas apontam como certa a tendência de se trabalhar mais em casa, como mostram iniciativas de empresas ao redor do mundo, incluindo o Brasil.
O que vemos são tendências e, suportando-as, a tecnologia que acaba ficando invisível com o uso. Hoje, o Zoom tornou-se ferramenta corriqueira, assim como as conexões com o trabalho via aplicativos remotos e de times, como o Teams, da Microsoft. Na certa, vamos ficar ainda mais ligados do que éramos antes.
No final, apesar das tendências e do que dizem os especialista, podemos, desde já, fazer uma nova constatação: o trabalho, remoto ou presencial, vai continuar. Mas o mundo que sair da pandemia vai ser bem mais desigual do que o nela entrou.