Eu já suspeitava, mas agora é oficial e cientifico: trabalhar pode fazer mal à saúde. E não pensem que vai aqui um incentivo à ociosidade, não. O que cientistas britânicos descobriram é que trabalhar de mais, além do horário, pode, sim, representar risco para a saúde. Em uma jornadeada estendida os riscos aumentam e a pesquisa, que envolveu mais de 10 mil trabalhadores da Grã-Bretanha, aponta que o risco de problemas cardíacos cresce 60% se comparado com quem cumpre um horário normal, sem extensão de tempo.
Então, vamos colocar o bonde nos trilhos: Não é que trabalhar faça mal. Mas trabalhar mais tempo do que o normal, sim. E como hoje todos nós vamos um pouco além do que pode ser chamado de “horário normal”, devemos ficar atentos. No caso dos pesquisadores, eles consideram horário normal sete horas por dia. O risco maior fica com quem trabalha trás horas além deste tempo, isto é, 10 horas por dia.
Uma das responsáveis pela pesquisa, a Dra. Marianna Virtanen disse: “A associação entre longas horas de trabalho e doenças coronarianas ocorre independentemente de fatores de risco que medimos no início do estudo, como fumar, estar acima do peso ou tendo colesterol alto”. Segundo ela, a pesquisa sugere uma ligação entre o tempo trabalhado há mais e o surgimento de doenças coronarianas, ressaltando que maiores estudos devem ser realizados e são necessários para determinar o tempo em que o risco mais aumenta.
Os pesquisadores não sabem, ainda, o porque do aumento dos riscos das doenças cardíacas, mas constataram que a extensão de jornada as provoca. O estudo começou em 1985 com mais de 10,3 mil trabalhadores com idades entre 35 e 55 anos. Com base nos controles feitos, os pesquisadores chegaram à conclusão do aumento dos riscos e os associaram, sem comprovação científica, ao aumento da competição, agressividade no trabalho, competição e tensão.
Há, ainda, outros fatores envolvidos como depressão e ansiedade, a possibilidade de dormir menos ou não o tempo suficiente para o descanso e, também, a pressão alterada devido à pressão do trabalho, o que não aparece nos exames médicos corriqueiros. Trabalhando mais do que o tempo normal, dizem os pesquisadores, as pessoas tendem a colocar de lado os seus próprios problemas, dando menor atenção à saúde e, com isso, criando condições para o aparecimento das doenças coronarianas.
O que fica patente no final é que a pesquisa indica, claramente, que trabalhar – dependendo do tempo de trabalho – pode fazer mal à saúde, criando condições de risco para tipos de doenças que podem afetar o trabalhador, sobretudo as relacionadas ao coração. Os números comprovam que quem trabalha menos tem menos problemas, o que recomenda se ater à jornada normal, sem extensão do tempo e, com isso, fugindo-se da tensão adicional criada pela atividade laboral.
Pode parecer brincadeira, mas a pesquisa provou que não é: Trabalhar menos pode ajudar na saúde. Só não sei se nos ajuda financeiramente ou a nos manter financeiramente estáveis. (Via UCL News)
6 Respostas
Fala Lino,
Mesmo com essas contra-indicações terei de me matar de trabalhar no ano que vem. Pelo menos durante tres dias na semana terei que trabalhar nos tres turnos, pois precisarei deixar dois dias das semana livres para o mestrado.
É um sacrifício que terei que fazer em nome do meu futuro, nao concorda ?
abração, amigo.
Perdoe-me mas isso não é novidade há tempos.Vale apenas para que sempre se toque no assunto para os jovens desatualizados.
Oi Lino.
Meu primeiro impulso, gaiato, foi observar: eu já sabia!
Mas o assunto é sério; afinal, qual a razão de terem sido sacramentadas, no decorrer dos anos, a jornada de oito horas de trabalho e o pagamento de adicionais para a prorrogação da jornada de trabalho?
Certo, os movimentos reivindicatórios da classe trabalhadora, através dos anos, tiveram muito a ver com isto; porém, suspeito, se não houvesse uma comprovação científica dos efeitos deletérios do excesso de trabalho, tais demandas não teriam sido sancionadas (depois de muita luta, reconheço) pelos judiciários, em consonância com as aspirações (e necessidades) da sociedade em geral. Nada se estabelece socialmente por acaso ou voluntarismo – e muitos menos conta com a ampla aprovação da sociedade.
Alguns condenam a jornada de cinco horas estabelecida para os jornalistas. Desafio-os a produzirem e editarem textos e reportagens de qualidade, diariamente, além deste limite de tempo. Depois de um certo momento, o intelecto, exausto, passa a funcionar no automático – sinônimo, no caso da nossa profissão, de obviedade e mediocridade, ou seja, reportagens mal feitas e textos indigentes, em alguns casos acompanhados de mau-caratismo explícito (com ou sem hífen? Dúvida cruel). Hoje, a jornada de cinco horas, para a nossa categoria, é uma quimera do passado em muitas redações. O que talvez ajude a explicar a pobreza do jornalismo atual (não confundir com press-release) em relação ao praticado em tempos idos. A propósito, gostaria de ler um post com a tua opinião sobre esta questão. Ouso fazer a sugestão de pauta na condição de, como tu, jornalista de alta quilometragem (velhos são os outros) e, também, prestando assessoria de imprensa.
No mais, considero oportuno registrar que o teu blogue sempre traz matérias interessantes. Teu talento faz com que mesmo quando abordas assuntos triviais estes sejam encarados de maneira inusitada, estimulando o leitor a raciocinar além do óbvio ululante. Por exemplo, acho que meu comentário extrapolou o assunto do post. A culpa é do teu texto, que me fez pensar sobre o que li. Este é um atributo de jornalistas de escol.
Um abraço e bom findi.
Olá Lino!
Eu tinha esta opinião e vendo seu post confirma minha linha de pensamento. Eu sou uma pessoa que trabalha demais. Isto já me levou a hipertensão, um AVC hemorrágico e mesmo assim, não consigo diminuir o ritmo…
Um beijo!
Quase que faço como Jens:eu já sabia,rs.Agora,sem brincadeira,é muito bom ver resultados de uma pesquisa séria comprovando o que já desconfiávamos observando o dia a dia,principalmente quem convive no trabalho médico.A gente consegue observar,quando tem oportunidade,a evolução às vezes péssima,de uma pessoa que se mata de trabalhar,literalmente,com o passar do tempo.Sucesso,amigo,e não trabalhe demais.
caracas Tio vou morrer mais CEDO