A tecnologia e a ciência, em princípio, são neutras. Podem tanto serem usadas para fazer o bem, quanto para criar problemas. Vejamos o caso da engenharia genética – que tem sido um assunto recorrente neste blog. Ela é vista, por quem está empenhada em seu desenvolvimento, como um meio de melhorar as terapias hoje existentes, permitindo a cura de doenças, que poderão ser atacadas de maneira individual.
Uma das consequências da genética, dizem os que defendem seu estudo, é a possibilidade de tornar o homem mais saudável e, com isso, mais longevo. Em torno do assunto existe muito mais hype – propaganda – do que sucesso efetivo. Mas as perspectivas são mesmo boas e podem levar a conquistas interessantes na área de saúde humana e, ainda, na de produção de alimentos, para falar de apenas duas delas.
Mas será que há um outro lado? Sim, há. Graças aos testes já desenvolvidos com base na engenharia genética é possível saber, por exemplo, se você tem disposição para o câncer de pulmão. E quando descobrirem isso, os dados podem tanto ser usados em seu favor, no caso de um tratamento prévio, quanto contra você, impedindo que seja contratado para uma determinada função devido ao seu perfil genético.
Queiramos ou não, isso pode acontecer. Um bom exemplo é a informação de que empresários do futebol europeu estão procurando cientistas genéticos para, a partir das descobertas já feitas, testar garotos que teriam maior aptidão para a prática do tradicional esporte bretão. O que buscam é descobrir, logo cedo, os craques em potencial, investindo neles e, no futuro, fazendo muito dinheiro.
É possível? Sim, é. Há indicativos, mas eles não são uma certeza. Para comprová-los os testes teriam de ser feitos. Se há testes para quem pode ser um futuro craque, que outros tipos de testes teremos? A possibilidade é que tenhamos tanto quantos as pessoas quiserem, desde a indicação de sua ancestralidade à predisposição para doenças, para a concepção, etc.
Com o avanço das pesquisas genéticas, que são reais, podemos dizer que o céu é o limite. Podemos, inclusive, chegar ao Admirável Mundo Novo, com crianças sendo “fabricadas” de acordo com a exigência e o desejo dos pais. O que me assusta, nisso tudo, é que no final teremos, novamente, um grande número de excluídos. E a exclusão se dará não com base em preconceito, mas baseado em conceitos científicos.
7 Respostas
A gente morre e não vê tudo, né, Lino? A realidade chegou e aqueles filmes de ficção cientÃfica, que assistimos há atrás, que mostravam a manipulação de genes e afins agora é fato.
Há que se ter muito cuidado quanto a esse assunto e o rumo que podem tomar essas pesquisas…
Bjão.
Esse é um caminho sem volta e eu prefiro focar os beneficios como, por exemplo, a possibilidade de reprogramação genetica para evitar sindromes limitantes.
Há coisas interessantes como as células tronco. A metáfora tronco se adequa para mostrar que estas células podem se diferenciar em “ramos” do nosso organismo. É claro que para muitos o céu é o limite…
Discordo. A exclusão se dará com base em preconceitos TAMBÉM…hehehe. Basta vermos que investimentos começaram pensando em futebol e não em algo de relevância…hehehe
Oi Lino!
Ah, eu penso como você. Nesta semana eu ilustrei a aula de genética com o filme GATACA e esta problemática de manipulação genética. Fizemos um seminário para discutirmos as consequências como preconceito e também os benefÃcios. Meus alunos me surpreenderam com suas visões amadurecidas. Infelizmente teremos que pagar para ver…
Beijo!
Feliz dia das mães para as mamães da sua famÃlia!
O que antes era coisa de filme de ficção cientÃfica e para alienados, agora já começar a esboçar a realidade…
Fico imaginando um casal de negros chegando num consutório médico e pedindo uma criança que tenha cabelos loiros, olhos azuis… O pior é que com essa tecnologia, você pode chegar a esse ponto de escolher como seu filho vai ser.