Os idiomas, com raras exceções, sofrem influências de fora, notadamente hoje, em um mundo globalizado. São expressões que acabam sendo incorporadas a língua e tornam-se parte dela. Com o português não foi e não é diferente.
Uma das razões que levam um idioma a adotar expressões de outros é o intercâmbio. Mas elas se incorporam, também, pela dominação de um lugar, como no caso dos árabes na Europa. Ou adotam, no caso brasileiro, expressões e palavras do tupi-guarani, da fala dos povos que aqui habitavam antes do início da ocupação pelos portugueses.
Se no caso das frutas há uma concentração da Ásia no que temos hoje, na língua é bem diferente. Tirando milhares de palavras das línguas nativas do Brasil, podemos identificar influências árabes, persa, grega, espanhola, sânscrito e muitas outras, inclusive palavras incorporadas da língua de negros escravizados, transformados em mercadoria pelos senhores brancos.
Não sou linguista e não vou me aprofundar na questão. O que faço é apenas a constatação desses vocábulos e busquei deles alguns exemplos. É o caso de álcool, de origem árabe. Ou de academia, que vem do grego. A Grécia, como sabemos, é o berço da filosofia ocidental e nada mais natural que influísse nos idiomas à sua volta.
O açúcar, uma preferência nacional – quem não gosta de doces? – é de origem sânscrita. Político vem do grego e uma das minhas palavras preferidas, cafuné, é de origem quibombo, o idioma falado pelos nativos de Angola, trazidos para cá como escravos.
Páscoa, incorporado ao cotidiano devido às comemorações da Igreja Católica, vem do hebraico, remetendo ao Velho Testamento e às festas judias. Zero é árabe, o que é natural, pois foram eles que inventaram a matemática como a conhecemos. Camelô é árabe. Samba, o ritmo nacional do Brasil, é quibombo.
Hoje, em um mundo muito mais globalizado, as influências – e incorporações de novas palavras às línguas – ocorrem com muito mais rapidez. Constatar é fácil: basta para próximo de uma roda de conversas para ver como palavras derivadas da tecnologia e vindas de fora estão presentes no nosso idioma.
A língua não é estática, mas dinâmica. E nada mais natural que vá incorporando novas palavras, novas expressões. É o que ocorre desde sempre e vai continuar ocorrendo.
Mas não precisamos exagerar, não é?