OS PRIVILEGIADOS E OS DESPOSSUÍDOS

Mais de 80% dos que vivem no mundo, vivem com até 10 dólares por dia, e se você não é um deles, considere-se um privilegiado. O planeta terra, segundo os números do Banco Mundial, é povoado por despossuídos e eles não têm educação, saúde, saneamento, eletricidade e passam fome. Não que falte alimentos, mas 20% mais ricos consomem 76% deles. Os 24% restantes sobram para o resto do mundo. E não dá para dividir com todos, acabando com a fome. Mudar a situação depende de você e de sua participação.

Hoje, em todo o mundo, milhares de blogueiros estão falando em um único assunto dentro do Action Blog Day: a pobreza. Sim, ela existe, mas talvez a maioria não tenha uma exata noção do seu tamanho. Eu próprio confesso que já tinha visto alguns números, mas não havia me aprofundado neles.

Quis, então, saber a situação da pobreza e fome no mundo e fui pesquisar. Fiquei impressionado. Primeiro, pelo fato de o mundo estar dividido entre os privilegiados – nós, que somos poucos – e os despossuídos, a imensa maioria da população mundial. Surpreso? Pois saiba que mais de 80% da população mundial vive com até 10 dólares por dia. E isso são mais de 5 bilhões de pessoas e algumas delas estão quase ao nosso lado.

Os números, na verdade, são acachapantes. A cada dia morrem 25 mil crianças de desnutrição, uma a cada 3,5 segundos. E entre as crianças do mundo, mais de 1 bilhão é analfabeta. De outro lado, existem mais de 1,6 bilhão de pessoas que não têm acesso à eletricidade. Da população mundial, 20% – a parte mais rica – é responsável por 76,6% do consumo. Os 20% mais pobres, em contrapartida, consomem apenas 1,5% do que o mundo produz.

O que se gasta anualmente com cosméticos nos Estados Unidos, algo em torno de 8 bilhões de dólares, daria para colocar todas as crianças do mundo na escola e ainda sobraria um bom dinheiro. E com menos da metade do que se gasta em bebidas alcoólicas seria possível resolver, de uma vez, os problemas de educação básica, tratamento de água e saneamento, saúde reprodutiva das mulheres, saúde básica e alimentação de todo o mundo. O gasto com bebidas é de 105 bilhões de dólares/ano e os investimentos necessários para a resolução de todos estes problemas fica na faixa de 40 bilhões.

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O mais impressionante é que menos de 500 pessoas – as mais ricas da terra, como Bill Gates – detêm 3,5 trilheis de dólares, o que representa 7,6% de todo o Produto Bruto Doméstico – um conceito que mede o que se produz e se gasta em família. Mas os 2,4 bilhões de pessoas mais pobres, por sua vez, têm uma participação de apenas 3,3% neste produto.

O que os números ressaltam é que vivemos em um planeta muito desigual. Nele, enquanto a maioria passa fome ou vive na pobreza, uma pequena minoria se dá ao luxo de, só na Europa, gastar anualmente mais de 11 bilhões de dólares em sorvetes. Este, na verdade, é um produto que as mais de 3 bilhões de pessoas que vivem com menos de 2,5 dólares por dia não podem se dar ao luxo de comprar.

Sim, eu sei, mas o que tenho a ver com isso? Se você se fez esta pergunta, acorde. Olhe em volta. Veja suas condições, o que tem, o que consome, o que desperdiça. Pense! Ali, logo ao lado, estão favelados que não têm nada disso. Você – como eu – teve oportunidade, galgou um caminho, deixou uma história para trás e fez uma nova história. Só que para milhões isso não é possível.

E não é por não terem escolas, não terem alimentos, não terem saúde e nem perspectiva de que isso mude. Acho que está na hora de pelo menos tentarmos mudar a situação. E podemos começar falando dela, reconhecendo que fizemos pouco, mas que podemos fazer mais. Como? Participando, cobrando, denunciando e votando. E também evitando o desperdício, evitando o consumo excessivo e a degradação do planeta.

Se quisermos, podemos fazer a diferença. Como consumidores – e cidadãos, como afirma Manuel Castells – nós temos a força e podemos impor aos mais ricos, ao primeiro mundo, às empresas uma nova postura. Olhando para os números é hora de começar a construir uma nova utopia, pois ela é necessária para que, amanhã, tenhamos um mundo mais igual, com menos disparidades e um planeta em que crianças não morram de fome, saibam ler, tenham saúde básica e que todos recebam alimentação, mesmo que seja mínima.

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