O QUE É UM HOMEM? COMO…

Tempos estranhos esses em que vivemos. Tão estranhos que uma revista de prestígio como a Esquire, dos Estados Unidos, acabou de publicar um ensaio perguntando: O que é um homem? Não, não se trata de identificar se ele é do sexo masculino ou, mesmo, se é hetero, não homo. A abordagem é mais no sentido de atitude, de comportamento, dando-nos a entender que é como nos portamos que faz o que somos e é isso que nos torna – no caso de quem o é – homens. Será?

Mas o que disse a revista? Bem, Tom Chiarella, o autor do ensaio, começa por algo que é bem lógico, nada peculiar e que de certa forma nunca observamos, que é o fato de um homem sempre carregar dinheiro. Não necessariamente em espécie, mas mesmo assim, dinheiro. E observa, a seguir, um outro fato que negligenciamos, que é o fato de vivermos em grupos, o que leva os homens a olharem ao redor deles, procurando companhia. Outro fato que o torna o que é o fato de construir ou reconstruir coisas, indo de uma parede às fortunas. O que caracteriza o homem, também, é o fato de passar a outro seu conhecimento, o que o imortaliza. E também o fato de sobreviver e saber como fazê-lo na selva moderna em que vivemos.

Ah, e não podemos esquecer o fato de falarmos com os cães, fantasiar, inclusive que pode ser um superheroi. E de sermos bons no emprego, não no trabalho, no hobby ou na carreira, porque se não gosta do que faz, arranja um outro emprego. E por saber, com uma simples olhada, como é você, inferindo a partir da pasta que usa, do relógio ou da própria postura. E é capaz de cometer erros e não se envergonha de ser o que é, o que foi, gostem dele ou não. No caso dos erros, ele deixa que alguém passem sem ser notados, como se estivesse jogando algo no lixo. E sem nenhuma discrição, ama seu corpo e sua nudez e se maravilha com a da mulher.

O homem olha por seus filhos, cuidando deles e já bebeu tanto ao longo da vida que é capaz de pedir mais um drinque sem perder o fôlego, as pistas ou ficar obtuso. Quando não quer pensar, bebe, mas nunca um vinho branco. Ser homem é dar as boas vindas à chegada da idade, que o deixa livre, trazendo-lhe conhecimento e permitindo que o divida. E pode não querer ou nunca fazer, mas sabe que pode socar alguém, em algum lugar, algum dia. Não racionaliza ou explica, mas também não se vê perdido no meio da humanidade. Isto é coisa de liberais e é por isso que os homens não se alinham a eles.

Um homem sempre revisa sua vida, a muda. E é por isso que não se alinham, também, com os conservadores. E pode chegar à porta, sem pensar, ou parar o tráfego, resistindo a formulações e questões de fé, parecendo ambíguo. Conhece suas ferramentas e como as usa, se precisar delas. E pode perder uma tarde bebendo, jogando ou dirigindo sem muito sentido. Também sabe como perder um mês. Sabe ouvir e é por isso que argumenta, formando opiniões. E se sente confortável sozinho. Aliás, hoje gosta de ficar sozinho. E dorme.

Um homem tem estilo, não importa quão excêntrico seja. E segue um conjunto de regras, entendendo os mecanismos básicos do planeta. Ou pode fechar os olhos, olhar para o sol e dizer qual a hora do dia. Mas nunca sabe de tudo, nem tenta saber. E gosta que outros saibam disso. O homem pode admitir estar errado, que fez besteira, quando está perdido e pedir desculpas, mesmo que seja para terminar com uma cara feia. E é por tudo isso que você não consegue tirar os olhos de um homem, quando ele é assim. Tenha certeza. Você nunca sabe o que ele está pensando, quem é ou o que vai acontecer em seguida.

Em resumo e com algumas adaptações, este é o texto do ensaio. Achei-o interessante sobretudo por destacar os paradoxos que nos acompanham e que, acho, não são só do homem. Vejo o artigo e seus conceitos como aplicado ao “homem” enquanto ser humano, o que abrangeria, também, as mulheres. Elas têm muitas dessas qualidades e defeitos e são bem parecidas conosco. Ou não? E você, o que acha que um homem é? Será que o Chiarella está correto? Eu acho que, em muitos pontos, sim. Somos, enquanto homens, tudo isso. E podemos – e as vezes somos – ser muito mais.

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