Feriadão e chuva combina com televisão. E foi “sapeando” os canais que acabei parando no Discovery. Nele, uma interessante matéria – ou seria um documentário? – sobre a população da Terra e o uso que fazemos dos recursos naturais, incluindo a preservação do planeta mediante a economia do que é escasso ou de se evitar contaminar o que, amanhã£, pode nos ser essencial. O cerne da discussão, no entanto, eram os alimentos e como alimentar uma população em crescimento, enfrentando as desigualdades que hoje temos.
Um dos maiores continentes, a África tem muita terra arável e fértil, mas uma grande parcela da população passa fome. Tome-se como exemplo a Etiópia, que tem necessitado da ajuda internacional para alimentar parte de sua população. Pois não é que ela exporta alimentos. Como? Empresas, empresários e Governos de outros países compram áreas em terras etíopes e as cultiva, vendendo o que produzem no mercado internacional. Como a própria Eitópia não pode comprar este tipo de mercadoria, tem de pedir ajuda para alimentar seus habitantes – ou pelo menos parte deles.
Outro fato destacado no programa é o padrão de consumo, que é muito diferente nas várias partes do mundo. Uma pessoa na Índia consome muito menos do que uma outra na China e a comparação desta com um europeu mostra uma enorme diferença, que cresce se o cidadão for britânico. De acordo com o programa, um cientistas calculou o hectare/pessoa necessário à sobrevivência humana, olhando-a do lado da alimentação e chegou ao número de pouco mais de dois hectares por habitante. Com base neste padrão e no consumo da população de cada lugar é possível ver quantos de nós o planeta pode suportar.
Se o padrão de consumo fosse baseado no da Índia, poderíamos chegar aos 18 bilhões de habitantes e nenhum deles passaria fome. A partir daí os números diminuem até chegar a pouco menos de 2 bilhões se o padrão for o dos Estados Unidos. O problema é que ninguém aspira a consumir como a China, mas deseja ser como os Estados Unidos. Isso faz com que, à medida que o consumo aumenta, haja maior desigualdade, significando que, para uns terem a mesa farta, muitos outros irão passar fome. E olha que, de acordo com as Nações Unidas, mais de 1 bilhão dos habitantes da Terra já vivem abaixo da linha da pobreza.
Estamos, dizem os cientistas, no limite da exploração do planeta. E não é o caso só dos alimentos, mas também no caso da água e da energia. Um paradoxo da Terra é que sendo um “planeta água”, ela não o tenha disponível para todos e esse precioso liquido está ficando ainda mais escasso. O mesmo acontece com a energia, principalmente se for baseada em petróleo. O panorama traçado pelo programa do Discovery é que precisamos começar a economizar com urgência e, ao mesmo tempo, dar início à reposição daquilo que já tiramos de recursos naturais, renovando-os.
Tenho poucas esperanças de que isso seja feito. A consequência é que veremos mais fome, maior escassez e maior desigualdade.
2 Respostas
Lino, já no século 19 Sir Thomas Malthus previu o embolamento do meio de campo, a continuar o crescimento populacional em progressão geoétrica e a expansão dos meios de subsistância de forma aritmética. É hora de substituir o “crescei e multiplicai-vos” pelo controle de natalidade. Senão vai faltar comida. Aliás, já está faltando.
Um abraço.
Não gostei acho que podem ser melhores