Você se lembra de quando não tínhamos a Internet? À primeira vista a pergunta parece descabida, uma vez que a chamada grande rede está hoje presente em nosso trabalho, no nosso dia a dia e em nossas vidas. Mas olhando em perspectiva, a expansão da internet e o seu uso intensivo é muito recente. Na verdade, embora o princípio tenha sido desenvolvido há mais tempo, a Internet como a conhecemos hoje tem menos de 10 anos. E mesmo em uma escala humana isso não é muito tempo, o que não significa que lembremos de como era antes ou de que façamos o caminho de volta, abrindo mão dela e do que nos trouxe.
Se é tão recente, qual a influência da internet? Será que ela mudou a maneira de pensar das pessoas? As perguntas foram colocadas pela Edge, uma fundação que se preocupa com este tipo de questão. Ela reuniu cabeças coroadas nos Estados Unidos e lhes pediu para dizer se a prevalência da grande rede havia contribuído para a mudança no pensamento das pessoas. De tudo o que foi dito – são vários textos, em inglês, que podem ser encontrados aqui – o Gabi e Croc, do Estadão, fez um apanhado geral, destacando os principais pontos do que esses bambambãs acham e que tipo de mudança a Internet nos trouxe. O resultado, pensando bem, não chega a ser surpreendente, embora não pensemos nas consequências e mudanças que a internet nos trouxe.
Do apanhado geral, o que mais se destaca é a possibilidade de conexão com outros, da criação de comunidades. A internet é capaz de juntar e conectar as mais distantes pessoas, possibilitando-lhes a criação de comunidades de um determinado interesse. Como já lembrou muito bem Chris Anderson no seu A cauda longa, a internet abriu a oportunidade dos nichos. Se, de um lado, dispersa, fugindo do mainstream, do outro, ajunta, possibilitando a existência de grupos que, fisicamente, não conseguiriam se juntar. Pela rede, isso é possível, como mostram as várias comunidades virtuais das quais todos nós, em um ou outro momento, participamos.
Outro ponto de destaque é a extensão das funções cerebrais, a melhoria da memória e a criação do que os autores chamaram de consciência coletiva. No primeiro caso, aprendemos a ver várias coisas ao mesmo tempo, transformando-nos em multitarefas. No segundo, mesmo que de forma inconsciente, acabamos participando da formação de um novo tipo de consciência que chamaria de mais aberta e mais universal devido a possibilidade de unir pessoas de vários idiomas e locais. Não sei exatamente se é esse o caminho apontado pelos que responderam à questão da Edge. Mas esta é a minha percepção.
Por fim, dentre os maiores destaques, estão a velocidade e a quase eterna presença da internet e, talvez por isso, traga o tópico seguinte, que é a fragmentação da informação, a distração, o impulso. No caso da velocidade, pergunte-se em quantos minutos você descobre uma informação que procura. Agora, compare este tempo com uma busca física, em jornais, revistas, livros, bibliotecas. A diferença é imensa, além da fantástica diversidade que o Google nos traz ao digitarmos uma simples palavra. Tudo ficou muito mais veloz, quase instantâneo, mesmo. E o que buscamos está sempre presente, próximo do nosso computador. No caso da fragmentação, ela é a marca da internet, o que nos obriga a juntar pedaços da informação que buscamos, completando-a, o que gera distração, mas também o impulso de saber mais.
As reflexeis foram feitas em vários artigos, abrangendo os mais variados aspectos da internet e das mudanças que ela nos trouxe. Ao destacar apenas alguns, quis chamar a atenção para um assunto que não está na nossa reflexão diária e mostrar como uma tecnologia bem recente provocou uma substancial mudança não só na maneira como pensamos, mas também no modo como agimos, interagimos e trabalhamos. Imagine um mundo sem internet, desconectado? Sinceramente, não dá mais para pensar nisso. A grande rede tornou-se não só parte integrante das nossas vidas, mas essencial a ela, ao nosso trabalho, ao entretenimento, ao lazer e a informação. Transformou-se e continua sendo, sem dúvida, um agente de mudança.
3 Respostas
Meu caro, eu sou de um tempo que não existia TV!!!! Minha infância foi embalada pelas ondas do rádio, literalmente. A TV lá em casa só entrou no começo dos anos 60 e mesmo assim as transmissões eram esporádicas, geralmente começando a partir das 18:00 horas.
Mas a gente vai vivendo, a tecnologia se aperfeiçoando e chegamos a internet, que traz a informação na hora, de qualquer lugar do mundo. Viver sem ela é impossÃvel, claro, imagine!
O Google veio complementar esse quadro e a essa altura da vida, não tenho a menor idéia de onde vamos parar.
Viva o rádio, que nos deu a possibilidade de ouvir o mundo mas um Hurra para a internet que nos coloca conectados com todo o planeta!!!
Se não fosse a net certamente não estaria a ler este texto e não o teria conhecido . Um abraço deste lado do atlantico e saudações juridicas ..Um excelente 2010 !
Iupiiiiiiiiiiiiiiiiiii!! O sistema de comentários está funcionando pra mim!
Lino, quando li o tÃtulo, pensei que iria falar do lado comportamental das relações depois do surgimento da internet, com relação ao entrosamento social fora da internet. Compliquei tudo, né? Mas explico. Se antes os pais reclamavam que os filhos queriam comer assistindo tv, como reclamar agora, se os próprios pais, esperam o almoço estar pronto, lendo e-mails e cozinham caçando receitas na internet? Como viver em um mundo que parece, as novidades não existem mais? Veja o caso de “Avatar” em que muitos garotos quase dormem no filme, do meio para o fim, porque já estão carecas de visualizarem joguinhos online em 3D, que dão banho de imagens, nas imagens de “Avatar”? O acesso rápido e fácil à informação nos fez cortar do nosso dia a dia, caminhos de socialização. Anteriormente, ao pesquisarmos, precisávamos do componente humano para interagir, um atendente de biblioteca, um jornaleiro… e pergunto: esse tempo economizado na pesquisa, abriu espaço para um tempo maior dedicado ao nosso convÃvio social fÃsico?
O cuidado maior talvez seja para não nos robotizarmos.
Eu pulei a questão do post, justo porque me sinto além desta análise e como você bem escreveu, o resultado não chega a ser surpreendente.
Boa semana! Beijus,