De onde viemos? A pergunta tem uma resposta fácil para muitos. São os que atribuem o nascimento e desenvolvimento da vida na terra a uma entidade superior, não a um processo de evolução. Ao lado da primeira pergunta vem sempre uma outra, questionando como evoluímos e uma terceira, que indaga ao que nos destinamos. São questões que sempre perpassaram a existência humana e que continuam despertando os mais diferentes comportamentos.
Deixemos o lado religioso, que no meu entender não cabe discutir, e olhemos o lado da ciência. O que na verdade nós sabemos? Se olharmos a primeira questão, muito pouco. O que há é pura especulação e muitas vezes teoria conflitante. Uma, por exemplo, fala do surgimento da vida na terra ou muito próximo dela. Outra, nas profundezas do mar. Estarão certas? Ou estarão erradas? Não dá para afirmar. São teorias, bem construídas mas que não podem ser provadas, a menos que o homem consiga recriar a sopa original que permitiu o aparecimento da vida.
Nesta perspectiva e após milhares de anos de pesquisas sérias temos mais indagações que certezas. Por exemplo: qual é a idade da terra? Ou por que algo como o oxigênio, que pode ser mortal, transformou-se em essencial para a vida terrena? Se o lado físico da ciência, por assim dizer, nos causa tantas dúvidas, o que dizer do que não é sólido, que não pode ser testado?
É o caso do surgimento do universo. Será que foi como diz a Bíblia? Ou existe uma explicação científica? Sim, ela existe. Mas não pode ser testada. Então, acaba se transformando em mais uma crença. Aliás, este é o ponto fulcral da questão: a ciência, como a religião, é um conjunto de crenças. Os cientistas creem que detêm o conhecimento e que podem explicar os vários fenômenos que nos cercam.
E a partir das crenças alinham explicações, algumas testáveis, outras não. E quanto acontece de testes dizerem coisas que contrariam um experimento anterior? E olha que a ciência está cheia disso, com um dia alguém dizendo que chocolate faz mal e, no outro, que faz bem. Um diz que exercícios são benéficos, outro que podem causar problemas. A não ser nas poucas coisas em que concorda, a ciência pode, também, ser contraditória.
E nós, diante de tudo isso, como ficamos? Temos de eleger crença e definir se cremos no conhecimento, naquilo que a ciência aponta como sendo verdade, ou optamos por crer que uma força superior impulsiona o mundo. Às vezes podemos, até, combinar as duas coisas que, para alguns, são excludentes O fato é que vivemos das dúvidas, sejam olhando puramente do lado científico ou mesmo do religioso.
Fé, já disse alguém, é a capacidade de se crer no que não se vê. Esta é a base de toda crença e fundamenta as religiões. Mas, se olharmos bem, é também a base do conhecimento científico. Ele parte de uma crença e constrói, com base em fatos, um conhecimento, que ganha o status de verdade científica. Pelo menos até ser contestada e derrubada por outra verdade.
Neste universo de indagações, onde a única certeza é que nada é permanente e que tudo muda, a crença religiosa pelo menos pode dar maior estabilidade às pessoas. Crendo no que não vêm, conseguem segurança para suas convicções e ações de vida. Quem opta pela ciência traz sempre uma indagação no final de qualquer afirmativa.
Podemos dizer que o conhecimento, aqui entendido como conhecimento científico, provoca sempre uma dúvida, pois é do cerne da ciência indagar, contestar, procurar o novo, buscar erros, apontar acertos e, com isso, contribuir para a mudança. Vivemos, então, entre a estabilidade da crença religiosa e a mudança da científica. E tanto em um quanto em outro caso a única coisa que sabemos é que nada sabemos.
11 Respostas
O conhecimento trás o saber…Saber que não sabemos, é saber! Religião e ciência, caminham juntas a muito tempo e são inimigas ao mesmo tempo. Muito foi feito para denegrir a religião e muita maldade foi feita em nome de Deus.
Acho interessante isso, no B do B de hj, falo sobre religião, alias não falo, publico matéria enviada. Abraços Lino!
Fé e ciência caminham juntas, mas ambas não trazem todas as respostas. Há muitas coisas que só serão reveladas mais adiante. A dúvida nos impulsiona a procurar por novas respostas. A fé não me trouxe estabilidade, pelo contrário, mais indagações.
abraço, garoto
Ah! esqueci de dizer que também condordo que nada (ou muito pouco)sabemos, tanto na seara religiosa como na seara cientÃfica.
Entre a estabilidade religiosa e a mutabilidade cientÃfica prefiro a segunda pois busca respostas através de estudos e pode mudar a medida que novos estudos vão se concretizando.
Acreditar em uma religião é uma tarefa árdua se começarmos a desenvolver nossa atividade cerebral.
abraços, amigo.
“… Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo…
Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor…” – Gonzaguinha.
Lino lembro que minha filha fazia catecismo e começou estudar a evolução na escola chegou com essas indagações:
1 – A escola está me dizendo que viemos de uma evolução e a igreja que viemos, primeiramente de Deus, depois do pecado da Eva e Adão. (Achou isso muito confuso)
2 – Se viemos de uma evolução de macacos, porque os macacos de hoje não viram gente? (essa foi a melhor! : ) )
3 – Mas, se Deus criou primeiramente Adão e Eva quem estava lá e viu que foi a Eva e não Adão que foi seduzido pelo pecado? E levar por resto da vida essa culpa? (feminista!!!)
4 – Em que eu devo acreditar? (respondi: fiz essa mesma pergunta na sua idade, então decidi que não teria uma fé cega nem na religião nem na ciência).
Forte abraço sempre.
Ah, que post mais delicado, Lino!
Religão e ciência… deviam se fundir, não?
Porque tem coisas que nunca serão explicadas! E Deus? Onde fica nisso tudo?
Como falam por aÃ, de certeza, só a morte.
Bjo.
Lino, eu vim de mamy. Ela que me trouxe ao mundo e para onde irei, só Deus sabe!
Isto quer dizer que não fico questionando, por justamente acreditar em Deus e saber que tudo é obra dele, inclusive a ciência que nada mais é que a natureza do homem tentando desvendar os mistérios de Deus. Eu diria mais, Deus adora os cientistas, porque eles têm um tete-a-tete mais sério do que nós, que falamos invariavelmente de coisas que não sabemos, suposições.
Sei de gente que enlouqueceu sem chegar a conclusão alguma.
“É-nos impossÃvel saber com segurança se Deus existe ou não. Por isso, só nos resta apostar. Se apostarmos que Deus não existe e ele existir, adeus vida eterna !” (Albert Camus, 1913-1960, escritor francês, nascido na Argélia. Camus é, com Sartre, o escritor mais representativo do existencialismo francês).
E se for o contrário, se apostarmos que Deus existe e ele não existir, adeus os prazeres da vida?
Porque como dizem “Tudo que é bom é pecado ou engorda”
Beijus
É o que ia dizer,LINO: quanto mais sabemos,quanto mais estudamos,percebemos que nada sabemos.Há ,portanto,uma grande contradição,e acabamos voltando ao ponto de partida.
Já tentei procurar gerar algumas teses,mas a verdade é que ,como todos,sempre acabo voltando ao ponto zero.
Desisti!!
:0
Abraços!
Sei lá, religião e ciência não tem nada a ver, é a minha opinião, a primeira atravanca a segunda e isso é fato.
Ciência é conhecimento… E conhecimento não tem preço! Traz novas tecnologias e bem estar para a sociedade. O que atrapalha essa equação é o ser humano, que na busca incessante pelo poder, usa o conhecimento para a destruição de seu próprio semelhante.
Concordo com tua frase “Sabemos que nada sabemos”. Cada um busca as respostas à s suas indagações à sua maneira, seja na religião, seja na ciência. E a “certeza” de deter a resposta correta já levou a muitas guerras mesmo tendo a religião como pretexto. Mas o que acho mais interessante são os pontos de convergências entre a ciência e a religião, como por exemplo no livro “O Tao da FÃsica” de Fritjof Capra, onde é traçado um “paralelo” entre as religiões orientais e a fÃsica moderna, concluindo que não são tão paralelos assim, elas convergem em vários pontos.
Um abraço.
e muito chato!!!!!!
rsrsrsrsrsrrsrsrsrsrsrs