Venho de uma família pequena, mas acabei me inserindo em outra que é enorme, começando pelo número de filhos: 12 naturais e um adotivo. Fui o primeiro “estranho” a chegar, casando-me com uma das filhas do casal que, de forma exemplar, vinha conduzindo os filhos para os caminhos que, mais tarde, fizeram o sucesso deles e mostraram o acerto na educação adotada. Aos poucos, fui conhecendo a família, enturmando-me e acabei tornando-me parte dela, não só pela acolhida que tive, mas pelo carinho e respeito com que sempre fui tratado, vendo respeitadas minhas idiossincrasias de quem nunca teve irmãos e que foi criado recebendo toda a atenção dos pais, sem dividi-las com ninguém.
A vida, felizmente, me colocou no lugar certo e em um casamento duradouro. Nada, no entanto, comparado com o da família que me adotou e que adotei. Noêmia e Geraldo, que viram seus esforços na criação da extensa prole, acabaram, a cada ano ou períodos maior, acolhendo novos filhos, já que genros e noras sempre foram assim tratados por eles. Tive a felicidade de inaugurar este ciclo, mas ele não ficou restrito a mim, com todos os agregados ao longo dos anos recebendo a mesma atenção e, graças a ela, se integrando à família, tornando-a ainda maior.
O que, no início, era apenas um casal, com a vinda dos filhos, chegou a uma família de 15 integrantes. Depois, dobrou para 28, juntando genros e noras. E com cada casamento, não parou de crescer, hoje sendo algumas dezenas, que englobam netos e, em alguns casos, até bisnetos, já que os filhos tiveram filhos e estes, casados, começam a colocar no mundo uma terceira geração. E é todo este povo que converge, a cada domingo, para a casa do casal original, ponto de encontro onde todos – e também amigos dos filhos e genros e netos – são muito bem vindos e recebidos.
A história de vida de Noêmia e Geraldo é exemplar. Juntos, administrando parcos recursos, conseguiram superar todas as dificuldades. A ele, cabia o provimento de recursos para a manutenção da família. A ela, a administração da casa e da educação dos filhos, o que os levou a uma mudança ousada: Deixar uma pequena cidade de Minas Gerais – Conselheiro Pena – e aventurar-se para a capital do Espírito Santo. Ninguém achava que daria certo. Pois deu. E é este casal, um exemplo que deve ser seguido nestes tempos em que descasar é mais fácil do que casar, que está completando nada menos do que 66 anos de casados.
Neste longo percurso, muito foi percorrido. No final – que felizmente para todos nós não chegou e esperamos que demore muito – fica não só o exemplo da construção de uma sólida união, mas sobretudo o resultado dela, com a exemplar conduta da família, o esforço para que todos fossem bem educados – em todos os sentidos – e a constatação de que todo o sacrifício feito valeu a pena, já que os filhos, assim como os próprios pais, são vitoriosos. A união exemplar mostra uma abundante colheita de tudo o que foi plantado e que a semente continua germinando através de netos e bisnetos.
Ao chegar aos 66 anos de casamento – e um pouco mais de vida – a união de Noêmia e Geraldo é emblemática. Mostra que pode haver permanência, solidez, solidariedade, comprometimento, esforço conjunto e trabalho sério para se construir uma família que permaneça e que tenha nos pais, avós e bisavós o perfeito exemplo a ser seguido.
3 Respostas
Subestimaram o casal. Casais assim, além do amor, carinho, afeto há também uma forte dose de teimosia para fazer com que, quem apostava no contrário perda suas apostas. Eu pretendo viver assim!
Lino,
Há quanto tempo!!!!
Amei a história dos teus sogros, portanto a tua história também… eu que venho de pais separados, casei e divorciei 5 anos depois, hoje estou no segundo casamento e faço qualquer negócio para dá certo e está dando, graças a Deus. Tenho muito respeito por famílias unidas e que apostam na vitória de todos…
Grande abraço, diretamente da Holanda…
Francy
Francy,
Bom te ver aqui, de novo. Obrigado.
Espero um dia chegar ao mesmo tempo de casamento que meus sogros, pois eles são, de fato, um exemplo para todos nós.
Abs