Os concursos, todos nós sabemos, virou uma indústria milionária no Brasil. Hoje, o desejo de um grande número de pessoas é ser aprovada em um deles, entrar para o serviço público e, com isso, ganhar a estabilidade que o setor privado não oferece. Além do mais, em várias situações os salários pagos pelo setor público são melhores do que na área privada, o que concorre, ainda mais, para o desejo de jovens que ou ainda estão estudando ou acabam de se formar.
Tenho casos muito próximos de quem deixou um bom emprego para se dedicar somente ao estudo e se preparar para concursos. Mas esta não é a situação da qual quero falar. O que me chamou a atenção para o assunto foi uma conversa ouvida durante o almoço. Ao lado da minha mesa estavam dois jovens casais. Bem vestidos, bem articulados, eles conversavam sobre variados assuntos, mas de repente veio à baila os concursos. Uma das jovens, uma bonita loura, falava da sua dificuldade em conciliar o trabalho, mesmo que em tempo parcial, com os estudos necessários para enfrentar os concorridos concursos que oferecem melhores remunerações.
Explicava, então, que não conseguia se organizar de tal maneira que o tempo fora do trabalho fosse suficiente para o estudo. Devido a isso, estava pensando em parar de trabalhar e dedicar-se somente à preparação para a disputa dos cargos que lhe interessassem. Ouvindo do outro lado, o rapaz – acompanhado de uma bela morena – perguntou: Como é que você vai fazer para se manter? A jovem explicou que já vinha se preparando há algum tempo para esta decisão e que, em última análise, recorreria à família, que poderia ajudá-la enquanto não atingisse seu objetivo final: ser aprovada em um concurso e nomeada para o cargo.
Até aí, a conversa não tinha nada demais. O que me chamou a atenção mesmo, foi a postura da jovem. Séria, ela virou para os amigos e comentou: A gente não consegue nada sem sacrifícios. E eu estou disposta a deixar de lado muitas coisas, dedicando-me aos estudos. Sei que terei de deixar de comprar roupas, por exemplo, ou sair com os amigos. Mas no final, acho que irá valer a pena. Antes de sair, a última coisa que ouvi foi um dos amigos dizendo que ela devia pensar bem, com a resposta: Estou pensando nisso há algum tempo.
2 Respostas
Eu entendo perfeitamente o que ela disse… faço os meus sacrifícios. Eu passei 10 anos numa empresa onde era a única mulher entre 9 homens e por mais que eu fosse, nos dizeres de meu chefe, uma ótima funcionária e uma pessoa de confiança, era sempre preterida pelos ‘pais de família’ (no Brasil ainda se acha que salário de mulher é complemento do marido, enfim). A gota d’água foi no dia que o sobrinho do meu chefe entrou e eu tive que ensinar-lhe todo o serviço que iria desempenhar e ele entrou ganhando o dobro do meu salário. Eu pretendo ser aprovada num concurso em um tribunal já que tenho curso superior em direito, ter estabilidade e ganhar o suficiente para viver e não apenas sobreviver.
Beijão!
Irei fazer o mesmo que essa moça o ano que vem, entendo, me privar de algumas atividades para se dedicar aos estudos não é perder tempo, a recompensa do esforço está no futuro.