Até que os dias de quarentena começassem jamais me imaginei que um dia fosse enxugar alface, ajudando nas tarefas de casa. Eu não sabia que para ser conservado o alface precisava ser enxugado e descobri quando comecei a participar mais das tarefas de casa, ajudando minha esposa no seu dia a dia, já que dispensamos a nossa empregada para que, tal como nós, ficasse em casa e garantimos o seu salário.
Foi em um sábado, dia em que normalmente recebemos as coisas da feira, que fiz minha descoberta. Vendo minha esposa envolvida, perguntei o que poderia fazer para ajudá-la. Ela me mostrou que era preciso enxugar o alface e como fazer sem que danificasse as folhas. Foi um dos primeiros passos que dei para participar mais das atividades diárias da casa, nos dias de isolamento social.
MUITO CUIDADO
Se quando a situação era “normal” tínhamos cuidados, imagine na pandemia. O coronavírus é invisível e é preciso todo cuidado para evitá-lo. Isso significa, dentre outras coisas, que é preciso higienizar tudo que entra em casa. O que chega vai para o tanque. O que está embalado e hermeticamente fechado, é lavado com sabão, tal como no caso de nossas mãos.
O que não pode ser lavado é higienizado com álcool, passado nas embalagens. Mas no caso de frutas e legumes, o procedimento é outro. Primeiro, eles são colocados em uma solução com água sanitária e nela ficam por um tempo. São retirados e enxaguados e é nesse momento que as folhas que vão para a geladeira precisam ser enxugadas. É um trabalho lento e cuidadoso, mas nos dá a certeza de limpeza do produto.
HIGIENE EM TUDO
Se os produtos que vem da feira passam por uma rigorosa higienização, não é diferente com tudo que entra em nossa casa nos dias do isolamento social. Nada é deixado de lado, do mais pequeno ao maior objeto. O que pode ser lavado, é levado para o tanque e toma um banho de água de sabão.
O que não pode ser lavado, é tratado com álcool 70 graus e fica separado por um tempo para secar. Calçados, se saímos mesmo que no prédio, passam pelo mesmo processo. E se for para a rua, as roupas usadas vão direto para a água e sabão e quem saiu, para o banho.
EVITANDO SAIR
Desde que o isolamento social – ou talvez seja melhor dizer isolamento físico – começou, minha esposa não saiu do prédio. Eu tive de sair, tomando todos os cuidados e com medo. Tive exames e necessitei ir aos Correios e a um cartório. Neles, as pessoas estavam tomando cuidados, mas apesar disso o medo é uma presença constante.
Para quem está em casa de forma voluntária há cerca de 90 dias, sair por três vezes não é muito. Mas preferia não ter saído nem uma vez. Ficar em casa, como afirmam todos os especialistas em infecção, é o melhor meio de evitar a contaminação. Eu, minha esposa e meus filhos, que moram fora, estamos fazendo o isolamento social.
O que me surpreende é o número de pessoas que se acha imune e continua circulando pelas cidades, inclusive em frente onde moro, sem nenhuma proteção, colocando em risco a vida delas e a de outras pessoas com quem, eventualmente, terão contato.