Em defesa da comida nos mostra como comer de forma saudável

COMA COMIDA. MAIS PLANTAS. E NÃO MUITO.

Se olharmos a história, a comida sempre teve um papel dos mais importantes na vida humana. Inicialmente, ela estava ligada à própria sobrevivência e ter o que comer e em quantidade desejável era das coisas mais importantes. À medida que evoluímos, fomos descobrindo novos meios de produzir comida, principiando pela agricultura e pela domesticação de animais, que tornou mais fácil o seu abate e, com isso, a aquisição do que necessitávamos para comer. Essa evolução nos levou aos alimentos processados e nos trouxe à realidade de hoje vivermos em um mundo de obesos, com a obesidade sendo considerada uma epidemia mundial pela Organização Mundial da Saúde, o que reflete a preocupação com algo que vemos todos os dias e a que estamos ficando habituados.

A questão é: como viver de forma saudável? Não existe uma única resposta para a pergunta, mas uma delas é dada pelo professor Michael Pollan, num estadunidense que dedicou-se à pesquisa dos hábitos alimentares e da própria alimentação. O que ele descobriu está resumido em Em Defesa da Comida, um pequeno livre que nos conduz a uma série de conselhos que podem nos levar, se adotados, a praticar uma alimentação melhor. E comer melhor, nos garante Pollan, é um dos caminhos para a vida saudável, uma coisa que, aos poucos, ele próprio começou a praticar. No final, seus conselhos se resumem ao que está no título deste texto: Coma comida, principalmente plantas e não muito.

O livro, pequeno e de leitura fácil, é dividido em três partes. Na primeira, Pollan alinha várias “regras” sobre o que deveríamos comer e embora reconhecendo que a comida hoje é uma questão complicada, recomenda que comamos “comida”, estatuindo, a partir daí, o que ela é. Uma das coisas mais interessantes que achei é quando diz que não devemos comer nada que tenha mais do que cinco ingredientes e, mesmo assim, é que só nos devemos alimentar daquilo que podemos ver na natureza, seja vegetal ou animal. Isso, de cara, já coloca de lado praticamente todos os alimentos processados, tão comuns nas prateleiras dos supermercados, inclusive a maioria dos que trazem no rótulo a palavra “saudável”.

“Não coma nada que sua bisavó não reconhecia como comida” é a primeira regra de Em Defesa da Comida. Ao fazer isso, descobrimos que no tempo de nossos avós e bisavós, comida era uma coisa completamente diferente. E posso dizer, por experiência da infância e juventude, que ainda no século XX tínhamos, principalmente fora dos grandes centros, muito pouco comida processada. Os alimentos, na sua grande maioria, eram produzidos próximos dos locais onde eram consumidos e fornecidos in natura. Mas voltando ao livro, a partir daí, Pollan alinha seus “conselhos” para a escolha do tipo de alimento a ser consumido até chegar à segunda parte, que é o tipo de comida que devemos tomar no nosso dia a dia.

E neste caso, ele afirma que, de toda alimentação que fazemos, a maior parte deve ser de plantas, significando não só verduras e legumes, mas os outros tipos de planta usadas na alimentação, embora sua recomendação que se use mais folhas. Para ele, a melhor comida é aquela que se sustenta em uma só perna, que é melhor do que as que se sustentam em duas – aves, pássaros – e que são ainda melhores do que as que tem quatro patas, como o gado. No caso da carne, a recomendação é que se use a carne daqueles que tenham boa alimentação e que ela seja natural, bem distante dos vários aditivos usados para a engorda e as melhorias no crescimento e no aspecto da carne.

Por fim, vem a parte da quantidade que devemos comer, com a observação de que quando se trata da alimentação você consegue o que paga por ela, o que leva ao segundo passo, que é comer menos ou quantidades menores. Michael Pollan defende que devamos pagar mais pelo que comemos, de forma a ter um alimento mais saudável. Mesmo assim, observa que o segredo da boa alimentação é parar de comer antes que você se sinta cheio e que o ato de alimentar-se só deve ser exercitado quando há fome, suprindo-a. Ao adotar esta postura evitamos o risco de comer fora de hora e muito além do que o nosso organismo realmente necessita.

No final, Em Defesa da Comida é uma leitura interessante e instigante. Ou assustadora, dependendo de que lado você esteja. O fato é que o livro se resume, mesmo, ao básico do título, mostrando que para vivermos mais saudáveis devemos adotar uma alimentação balanceada, que seja integrada por comida verdadeira – não processada – repleta de legumes e verduras e com um pouco de proteína. E tudo isso, seguindo a regra de não comer muito. É uma leitura que recomendo.

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