CIDADES, CARROS E TRÂNSITO

Quem hoje usa o carro por necessidade de trabalho ou apenas por lazer sabe que, no caso das cidades, o trânsito está¡ a cada dia pior. É difícil andar devido aos constantes engarrafamentos e à  lentidão que gera. Em alguns casos, se fossemos a pé andaríamos mais rápido que em um automóvel, que está¡, na verdade, se tornando menos móvel a cada dia. O problema afeta as cidades de médio porte para cima e muito mais as grandes metrópoles. O trânsito tornou-se um assunto obrigatório em todas as conversas, com todos reclamando dele.

Olhemos o problema. Se tomarmos a população de qualquer cidade veremos que a maior parte dela usa transporte coletivo, dependendo dele para ir ao trabalho e voltar para casa, para estudar e mesmo para o lazer. Se a proporção dos que tem carro é muito menor que a dos que não o tem, o que deveríamos ver são maciços investimentos na mobilidade urbana, abrindo passagem para os coletivos – ônibus, metrôs, trens. Um bom exemplo de ação é Curitiba, onde o transporte coletivo ganhou preferência sobre o individual.

No Brasil, pelo que sei, o que acontece é o avesso. Os incentivos vem para a compra de automóveis, não para investimentos em mobilidade urbana. Agora mesmo, o Governo Federal baixou impostos dos carros, anunciando a renúncia fiscal de R$ 2 bilhões. E se esse dinheiro fosse empregado para melhorar o trânsito? Muito mais pessoas seriam beneficiadas por ele. Mas não, o incentivo leva mais carros às ruas e, como consequência, piora o trânsito tornando-o mais lento para todos.

Alguém pode argumentar que a lentidão ocorre, também, em cidades do primeiro mundo. É verdade. Mas a grande maioria delas tem sistemas eficientes de transporte coletivos. Veja o caso de Nova York, que tem o maior metrô do mundo em extensão. O mesmo caso ocorre em Tóquio, Paris e até, para ficarmos bem mais próximo, em Buenos Aires e em Santiago. A opção pelo transporte individual é, mesmo, uma opção, não algo determinado pela falta de transporte coletivo eficiente.

No ritmo que vamos, dentro de mais 10 anos ninguém conseguirá¡ andar mais nas principais cidades brasileiras. Vitória, a capital do Espírito Santo, é uma cidade pequena, comparada às megalópoles como São Paulo. Pois nela, as ruas recebem, a cada dia, 300 novos automóveis. Este número é para os carros emplacados no município, não para os que nele trafegam, que é muito maior, já¡ que centenas de carros também tomam as ruas de Vila Velha, Serra e Cariacica, cidades interligadas à capital.

O resultado disso tudo – e venho acompanhando a evolução há algum tempo – é que a cada dia o trânsito fica pior, mais complicado, com menos espaços para estacionamento e com as enervantes lentidões causadas pelos engarrafamentos, principalmente na hora do rush. Se não mudarmos, vamos mesmo ficar parados.

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