Nós brasileiros, parece, temos a mania de olhar no sentido inverso das coisas, privilegiando o fracasso ao sucesso. Operamos, assim, o que Eliezer Batista chamou, em sua entrevista publicada no domingo, dia 7 de maio, no jornal A Gazeta, de Vitória, uma lógica da inversão.
O raciocínio de Batista, um dos responsáveis pelo que a Vale do Rio Doce é hoje, idealizador de Tubarão, responsável pela exploração de minério em Carajás e um dos arquitetos das relações comerciais com o Japão, é que, caindo no populismo, estamos elegendo, a cada vez, políticos menos competentes e menos comprometidos com o desenvolvimento.
Vale, nesta lógica, não quem tem uma política viável, mas o que promete mais. Não importa que seja impossível de cumprir. A promessa atrai o eleitor, que acaba votando nele. O exemplo que Eliezer cita é do Rio de Janeiro, com o populismo de Garotinho.
Como estamos nos aproximando de uma nova eleição, é preciso ficar atento. Primeiro, para fugir da lógica da inversão. E, segundo, para prestar atenção ao que os candidatos prometem.
Com recursos limitados, contigenciados, destinados a finalidades específicas, ninguém pode fazer milagres.
Em política, quem promete muito, entrega pouco. E se as promessas – irrealizáveis, sabemos – prevalecerem, mais uma vez teremos aplicado a lógica da inversão.
Todos nós, neste caso, perdemos.