O isolamento social e a prevenção são, segundo especialistas, as duas medidas mais eficazes para evitar a Covid 19. Parece que uma boa parcela dos brasileiros não crê nelas, como constatei nos dois dias que estou em Guarapari, Espírito Santo. A cidade não está cheia, mas ao caminhar no calçadão o que vejo são pessoas se portando como se não houvesse uma pandemia.
Será negação? Não sei. O que sei é que, de certa forma, fico revoltado ao voltar timidamente às ruas tomando todos os cuidados e vejo dezenas, centenas de pessoas que não estão nem aí. São crianças, jovens, adultos e idosos. Não há distinção de idade, de cor de pele e nem de origem. Existem os que chegam nos “carrões” e os que, dá para ver, são mais humildes.
MÁSCARAS, NÃO
O que todos tem em comum é o fato de não usarem máscaras. Distanciamento? Pra que. Formam-se pequenos grupos, às vezes com 10 pessoas, que conversam animadamente, riem alto e tocam e ainda olham quem usa máscara como se fôssemos, nós, os idiotas.
Não sei – e na verdade não estou interessado – em saber o que essas pessoas pensam. O que sei é que ao se portarem de forma irresponsável, se colocam em risco e também elevam o risco de quem se cuida. Aliada a esse grupo existe outro, que mostra alguma preocupação, mas levam as máscaras na mão, como se o objetivo fosse protegê-las.
É um grupo bem menor, mas faz concorrência aqueles que tem máscaras no queixo ou no pescoço. O fato é que, no meu cálculo, das pessoas que estavam no calçadão, pelo menos 70 por cento não estavam usando máscaras ou pretendendo usá-las sem o fazer. Fico imaginando como seria esse cenário se estivéssemos em pleno verão, com a praia lotada.
NÃO SE IMPORTAM
No Espírito Santo, os indicadores dizem que a pandemia está estabilizada, mas o Estado tem tido cerca de mil infectados comprovados diariamente. O contágio está baixo, mas com o descuido de quem é daqui ou quem vem de fora, pode acontecer o mesmo cenário dos Estados Unidos, com uma forte segunda onda de infecção. Lá, como no Brasil, a pandemia está fora de controle.
Será que as pessoas não se importam com quase 90 mil mortes? Se formos julgar pela atitude delas, a resposta é não. Se individualmente não tem medo da Covid 19 ou não se importam de contraí-la, deveriam pensar nos outros – família, amigos, etc. Mas, na minha opinião, o egoísmo de pensar que é o centro do mundo faz com que sejam, não descuidados, mas de propósito desafiadores, achando que são imunes.
O certo é que, não importa como eles ajam, se são a maioria da população, como mostram os índices de isolamento social, e se se julgam imunes: Eu vou continuar me prevenindo. Por mim, por quem está ao meu lado, por meus familiares, por amigos e, também, por quem não conheço.
CONFIAR NA CIÊNCIA
Assim como não quero ser infectado, não desejo que ninguém o seja. E, no meu caso, prefiro confiar na ciência, deixando de lado as hidroxicloroquinas, as invermectinas e outros remédios que, comprovadamente não tem efeito. É como afirma um infectologista em evidência: essas drogas não curam a Covid 19 e são tão efetivas quanto jujubas.
Já passando dos 132 dias, vou, se necessário, chegar aos cinco meses ou mais de isolamento social. E vou seguir em frente, até que seja necessário. É uma resolução que, aqui em casa, tomamos em conjunto.
Queremos distância do coronavírus. E vamos mantê-la, nos resguardando.