Fazer pão caseiro e saudável, contrapondo-se ao industrializado vendido em padarias e supermercados, envolve um bom tempo de espera, bem maior do que trabalhando ingredientes e a própria massa. Cada pão é diferente e também são diferentes os tempos de espera, que envolve fermentação, descanso, preparação, pesagem dos ingredientes e manipulação da massa.
O que resulta de todo esse processo é um bom tempo ocupado, direta e indiretamente. Ao fazer o pão, você acaba monitorando o seu desenvolvimento. Esforça-se na hora de preparar a massa, inclusive nas sovas que podem chegar até 15 minutos e representa um bom exercício, proporcionando movimentação ao corpo e exigindo esforço de alongar, dobrar e tornar a alongar a massa, um sem número de vezes.
GLÚTEN E FERMENTAÇÃO
Estou aprendendo que estes tempos tem a ver, primeiro, com a formação do glúten, importante para o próprio pão, representando o que lhe dá ligadura e torna a massa final o que ela é. E vem, a seguir, a fermentação, que alguns chamam de descanso. São intervalos em que a massa, já misturada, cresce.
O que é interessante é que mesmo recorrendo a uma batedeira, por exemplo, para fazer a massa, chegar ao pão envolve uma série de outras coisas. É preciso preparar o forno adequadamente, escolher o tipo de vasilha em que o pão será assado e deixá-lo pronto para assar, acompanhando o desenvolvimento para que não fique cru ou queime.
ALGUNS ERROS E MAIS ACERTOS
Na trajetória de padeiro amador e caseiro, tenho cometido erros. É coisa de quem está aprendendo e incorporando técnicas que antes não dominava. Os erros, no entanto, para minha sorte não tem interferido no resultado final dos pães que tenho assado nos mais de 100 dias de isolamento social, quarentena ou o que quer que chamem.
Se há erros, também há acertos. E são eles que nos deixam satisfeitos e se revelam no final do processo de fazimento do pão. Eles começam a ser vistos na finalização e formatação da massa para o forno, vendo que ela está crescida e macia. O segundo momento é o do pão assando, quando o vemos desenvolvendo e ficando com bom aspecto. E o terceiro, após assado, quando é cortado e provado, revelando que, se houve erro, não comprometeu o produto final.
APRENDIZADO CONSTANTE
O que fazer pão nos proporciona é um aprendizado constante. A cada tipo de pão, há uma série de ações que são diferentes das anteriores e muitas que são similares. E existe, ainda, o trabalho que vem antes e depois de começar a massa, assá-la e aproveitá-la. E também neste caso as coisas mudam dependendo do tipo de pão. Se tem mais ingredientes, são mais coisas por fazer, começando por pesar todos eles, de forma a que tenhamos, no final, a receita correta.
E por fim, para completar o processo, temos a limpeza de tudo o que foi usado, o que inclui as vasilhas, mas não só elas. É preciso limpar mesas e acessórios que foram usados na produção da massa. No final, medindo o tempo, um pão simples, com poucos ingredientes consome entre 4 a 5 horas, do seu início até poder parti-lo e apreciar.
Dá trabalho? Sim. Mas, pelo menos para mim e minha esposa, tem valido muito a pena. Desde que comecei o processo de fazer pão, não mais compramos pães em padarias ou supermercados. Comemos pães mais saudáveis e economizamos. E há o benefício adicional de ocupar o tempo.
Vale muito a pena.