Fui eu que fiz! Posso dizer que, nestes dias de quarentena, estou experimentando algum sucesso como aprendiz de padeiro. E digo isso por não ter, ao longo da minha vida, aprendido as habilidades da cozinha, o que vem, pelo menos é o que me digo, do fato de ser filho único. Com a pandemia, o coronavírus e a Covid 19, achei que era uma boa hora de aprender e participar mais na vida da casa.
Tenho participado, nos mais de 60 dias de isolamento social ou físico, das atividades da casa, oferecendo ajuda, já que estamos somente eu e minha esposa cuidando de tudo. Dispensamos nossa empregada, garantindo os rendimentos dela. Assim como nós, ela tem família e precisa ficar em casa, se protegendo.
EXEMPLO DO FILHO
Mas como essa ideia de fazer pão e tornar-me um aprendiz de padeiro começou? Meu filho, Fábio, é um exímio cozinheiro e um ótimo padeiro. Sempre que vou à sua casa, aproveito os pães caseiros que faz. São mais saudáveis e mais saborosos, além de custar uma pequena parte do que é comprado nas padarias, sobretudo se forem os chamados pães de fermentação natural.
Com a quarentena, o projeto de experimentar fazer pão decolou. Primeiro, fiz uma experiência com o que chamamos de pão comum, um pão caseiro que usa fermento biológico, comprado em supermercados. Ele saiu meia boca e resolvi tentar de novo, com uma receita do Fábio, que se não resultou 100 por cento, chegou aos 80%, representando o primeiro êxito.
FERMENTO NATURAL
Este sucesso se repetiu, depois, ainda com o uso de fermento biológico, com um pão de grãos, o que me deu impulso para, primeiro, cultivar um fermento natural – chamado de levain – e, se tivesse sucesso, usá-lo para a produção de um novo pão, desta vez, apenas com ingredientes naturais.
Para quem já fez pão, sabe que o cultivo do levain leva algum tempo e não há garantia de sucesso. Usei, da primeira vez, um levain desidratado, mas no terceiro dia vi que não iria a lugar nenhum e o descartei. Mas não desisti. Resolvi fazer o cultivo do zero, seguindo um passo a passo da internet.
Comecei e fui, a cada dia, alimentando o novo composto, acompanhando seu desenvolvimento. No meio dele, fiquei em dúvida sobre sua viabilidade, mas acabei seguindo em frente e, por fim, no sexto dia o levain estava pronto, tal como mostrado nos vídeos do YouTube.
HORA DO PÃO
Com o fermento pronto era hora de fazer o pão. Peguei uma receita na internet, preparei os ingredientes e me pus ao trabalho de misturá-los e acompanhar o desenvolvimento da massa. Como era de se esperar, ela cresceu. E foi além do que eu imaginava, crescendo um pouco demais, o que não impedia de moldá-la e assar o primeiro pão de fermento natural.
Segui os procedimentos, deixei a massa descansar por mais um tempo e levei-a ao forno. Nesta última etapa contei com a ajuda da Solange, muito mais acostumada a este tipo de ação – e até por ela ter medo do meu “sem jeito” e que pudesse me queimar. O pão foi para o formo e veio a expectativa. Vinte e cinco minutos depois, deu pra ver que, se não era um sucesso retumbante, não seria um fracasso.
Antes que ele saísse do forno, foram mais cerca de 30 minutos. O resultado, posso afirmar, foi satisfatório. O pão ficou com um bom aspecto, com uma casca crocante e com o interior macio, com pequenos alvéolos. O melhor de tudo é o gosto e ele vem não só pelo fato de o sabor do pão de fermentação natural ser diferente e melhor, mas por saber que estávamos consumindo algo saudável e que foi feito em casa, a uma fração do que pagaríamos se o comprássemos.
Uma resposta
Também me aventurei, confesso que só acertei na segunda tentativa.
Se vou prosseguir? Claro, fazer pão é uma daquelas pequenas vitórias que quero carregar desse episódio cataclísmico.