Quem pode, tem um trabalhador doméstico em casa.
Isso é verdade para o circulo que frequento. E também para os que, segundo o IBGE, estão entre os que ganham mais.
A constatação nos leva a uma outra coisa, que é a discussão sobre os direitos dos trabalhadores domésticos.
O Congresso acabou de aprovar a ampliação de alguns direitos, como férias de 30 dias, um terão de bonificação e FGTS.
A medida, dentre outras coisas, foi chamada de demagógica. Ela pode até ser, mas esta não é a questão.
No Brasil, todas as categorias profissionais reivindicam seus direitos. Todos querem férias, décimo-terceiro salário, multa por dispensa não justificada, etc. etc.
A maioria dos que se utilizam de trabalhadores domésticos são empregados. E tem todos os benefícios da legislação em seu favor.
Se tem os benefícios e se reivindicam novos, será¡ justo que, em suas casas, quem faz trabalho doméstico não os tenha?
Ah! os encargos são pesados, difíceis de pagar e, com isso, vão contribuir para aumentar a informalidade.
Sim, isso é verdade. Mas não se aplica somente aos trabalhadores domésticos. Os encargos são pesados para todos os que tem empregados, domésticos ou não.
Temos, neste caso, dois caminhos. O primeiro, é reconhecer que os encargos são pesados – para domésticos ou não – e lutar para que diminuam, o que vai afetar quem contrata os trabalhos domésticos.
O segundo é pagar os direitos aprovados. Exatamente como exigimos que os nossos patrões o façam.
Proceder de forma diferente é criar duas classes de trabalhadores: os que tem direitos e os que não os tem.