Uma das mais constantes afirmações que ouvimos é a de estarmos vivendo na era da informação. E ela sempre vem acompanhada de um julgamento da importância da mídia e do papel que ela representa em um mundo que é cada vez mais transparente. A mídia, afirma-se, tem ampla liberdade, pode falar de tudo e, com isso, contribui para a informação e o conhecimento de todos nós.
A situação é tal que um dos mais renomados sociólogos do século XX, Niklas Luhmann, chegou a afirmar que tudo o que sabemos e conhecemos, sabemos e conhecemos através da mídia. Se ela é tão importante, talvez seja relevante perguntar: A mídia é livre, sem censura? Não foi esta a pergunta que Paul Moreira fez, mas ele tem uma resposta e ela não é nada agradável para a mídia, de um modo geral.
Moreira, que é francês e se notabilizou por reportagens investigativas, afirma que vivemos um paradoxo: em uma sociedade cada vez mais transparente, as formas de censura e controle da informação estão se tornando mais sutis e mecânicas. Ele lembra que nas democracias uma censura declarada é impensável, mas que mais e mais recursos são investidos no controle não do que é oferecido ao público, mas em como ele pensa e reage ao que ouve e vê.
De acordo com o jornalista, que acaba de lançar um livro sobre o assunto – As novas censuras – as notícias, sobretudo as controversa, passam por um “filtro comunicativo” – assessores de imprensa, porta-vozes, relações públicas, consultores de comunicação. No final, a notícia recebe os filtros de vários interesses e é depois de filtrada que chega ao público. O que o repórter vê é manipulação, mesmo, com a mídia servindo uma informação que já recebeu filtrada e expurgada.
Dos mídias, a situação é pior nos meios eletrônicos, que têm um grande alcance, e menor na mídia impressa, que se protege mais contra estes filtros. O que ele conclui é que, ao invés de vivermos em uma era de informação aberta, estamos, na verdade, vivendo uma nova era da censura. E que ela é feita com tanta sutileza que o público não toma conhecimento e acha que está vendo o que é real.
Uma das razões da manipulação é que, segundo Moreira, a mídia está cada vez mais dependente de anúncios e de anunciantes, sobretudo das grandes corporações. E elas acabam impondo limite à informação, direcionando-a no sentido do seu interesse. Então, o que nós consumidores de notícia recebemos, é o que os “fazedores de notícias” – um conceito da teoria do jornalismo – nos oferecem. E achamos que ela nos está sendo servida sem manipulação. E isso não é verdade.
Moreira não é o único a refletir sobre a questão, que tem sido assunto de vários especialistas, inclusive aqui, no Brasil. E você, o que acha da questão? Confia no que a mídia veicula? Acha que há manipulação? Ou vivemos, mesmo, numa era de informação livre? (Via EditorWeblog, em inglês)
19 Respostas
Claro que tudo que a maior parte das publicações são manipuladas e tem mais ainda, tenho o exemplo de Foz do Iguaçu, onde um diário e uma TV local só mostra as obras do alcaide, os problemas passam longe. Já outro, só mostra os problemas e nunca as obras. Detalhe, um recebe verbas e o outro não… Post de relevada importância para a sociedade Lino, aliás, caracterÃstica única sua. Abraços
LINO, DEPOIS EU VOLTO PARA LER COM CUIDADO!
o problema é saudade!
VOCÊ ME APAIXONA E ME ABANDONA BRASIL!
Oi Lino,
Boa tarde!
Concordo com o Moreira, acho a mÃdia censurada sim, afinal ,ela precisa de patrocÃnio…rs, tudo bem que pode ser um baixo nÃvel de censura, mas que tem, ah, tem sim…
Um beijo amigo e um bom fim de semana,
Cris
Lino, eu acredito e percebo, que a censura é uma questão apenas de interesses.
Tenho sentido sua falta em nosso bloguinho, viu?
Bjs
Lino meu caro,
Sem dúvida que existe sim, ainda, um certo nÃvel de manipulação. Os veÃculos de comunicação sofrem a pressão dos anunciantes – dos fortes anunciantes – e, por razões financeiras cedem, sempre que pressionados.
Aliás, dentro dos moldes atuais da mÃdia brasileira, dois são os segmentos fundamentais para aumentar o faturamento. O primeiro, os anunciantes normais, do dia a dia. Que é o correto, juntamente com a receita da venda de jornais em bancas e assinaturas.
Porém, o governo ainda é a fonte maior dos veÃculos de comunicação. Não apenas na chamada “mÃdia obrigatóriaâ€, como também na publicação de notÃcias, reportagens e matérias especiais de interesse dos governos federal, estadual e municipal, cuja fatura, chega a posteriori.
Lembro inclusive que eu participava de um programa de entrevista em uma emissora de tevê, já faz algum tempo, juntamente com mais três jornalistas. Entrevistávamos uma personalidade polÃtica e/ou empresarial por semanal.
Num determinado dia, eu inquiri o entrevistado mais firmemente, querendo respostas mais abrangentes. O entrevistado não gostou da minha persistência, no dia seguinte visitou pessoalmente a direção da empresa e pediu a minha cabeça. Caso contrário, ele cortaria o “patrocÃnio†dos jornais da emissora.
Moral da história: o programa por completo morreu naquele dia!
Portanto, o patrocinador polÃtico ou empresarial ainda tem muita influência sim, na mÃdia brasileira.
Esse é o meu depoimento para o seu artigo.
Abs
Apocaliticos x integrados x Mac Luhan x Umberto Eco…eco eco,a aldeia global tão propagada é na realidade uma cadeia global, essa liberdade é discretamente vigiada e poucos percebem. Não acredito no jornalismo.Antes de ter ido estudar comunicação social,nutria uma visão romantico – social da profissão e me desiludà + acredito nos profissionais formados pelo jornalismo e que mesmo estando em tvs e jornais que manipulam informações, sempre lançam artigos, livros que são petardos de esclarecimentos diversos….Lino, na boa eu adoraria que vc fosse meu professor na faculdade…qualquer matéria, acho que teorias da comunicação seria ótima com vc!!!
abs
Olha Lino vou te dar um exemplo simples: telejornais. Veja q a Globo não passa o q acontece de cotidiano, só fica falando de politica e economia q a maioria do paÃs não entende. Diferente dos outros canais
Big beijos
Não acredito nessa liberdade de expressão, outro dia mesmo uma amiga que é jornalista me contou que foi demitida de um jornal onde mantinha uma coluna por 03 anos e foi demitida pq um (apenas um) leitor nao gostou do que leu e ameaçou cancelar a assinatura…
Tudo é uma questão de interesses, até mesmo o acidente da TAM… nada foi feito antes pra não contrariar os interesses de algumas companhias aéreas…
Uma mão lava a outra, e as duas manipulam tudo…
Passei…Bjs
Lino:
Jornalismo é negócio e, como tal, sujeito aos interesses do dono, que quer garantir os seus lucros. Até entendo que determinados veÃculos suprimam informações que possam prejudicar o business. O que não admito é que a informação seja deturpada para prejudicar ou favorecer alguém (“se a lenda é melhor que o fato, publique-se a lenda”, diz o jornalista em O Homem que Matou o FacÃnora).
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No entanto, quero acreditar que com a diversidade de fontes de informação que temos à nossa disposição (falo da web), mais e mais as tentativas de supressão ou manipulação de notÃcias não sobrevivem por muito tempo – alguém puxa o véu e a verdade se espalha blogs afora. Já não se pode enganar a todos por muito tempo como antigamente. Que bom!
Um abraço.
Vim te visitar para te agradecer tanto carinho.Nada acontece por acaso.Não estou totalmente curada mas ISSO É QUESTÃO DE TEMPO.De coração, muito obrigada por tamanho carinho.BEIJOS
OBRIGADA POR SER MEU AMIGO.
Lino, infelizmente concordo…Eles deixam o povo pensar q vivem uma democracia…
Beijos
Censura sempre teve, maquiada, mas sempre teve.
bjs
Acho que toda e qualquer informação que recebemos da mÃdia é censurada.
Nem sempre o que vemos, ouvimos ou lemos é pura e simplesmente a verdade. Há sempre uma maquiagem aqui..outra ali…
Beijinhos e até…
Por estas e outras é que eu não segui a carreira de jornalista,LINO.
Claro que existe tal influência.
Vou dar um exemplo bem simples :
Todo mundo reclama das altÃssimas taxas bancarias. Mas pq a imprensa não toca no assunto ou compra a briga??
Pq os bancos são grandes patrocinadores,claro.
Abração!
Acho que ele só colocou em palavras o que nós meio que intuitivamente sabemos. Ainda mais no Brasil cujo maior comprador de espaço midiático é o governo, qualquer um.
Claro que são manipulados e no mundo inteiro, em maior ou menor grau. Para saber realmente o que se passa, o melhor é ler várias correntes (quando elas existem) e fazer uma média. Para isto a Internet ajuda bastante. Abraços.
Lino, concordo com a leitura que o Noam Chomski tem da mÃdia: ela é totalmente manipulada tanto quanto é manipuladora. Bjs!!
Verdade. A meu ver, não existe informação livre quando empresas dependem de anunciantes. Por isso acredito tanto no veÃculo blogosfera como um canal mais independente, ainda que menos especializado do que a imprensa comum.