Resumo da história da família Bossois, o meu lado francês

OS BOSSOIS E O MEU LADO FRANCÊS

Na infância, meu pai sempre falava sobre o lado francês da nossa família, vindo de minha avó. Ouvi esta estória algumas vezes mas, na verdade, nunca a levei a sério. Meu pai era um ótimo contador de história e, às vezes, floreava o que dizia e isso deliciava não só a mim, mas a todos os outros que o ouviam. Neste caso, em particular, ele não tinha nenhum detalhe da nossa ascendência. Apenas afirmava que minha avó tinha ascendência francesa, mas não sabia precisar de onde vinha, nem de que família francesa ela provinha.

Mais estranho que, pelo que sabia, minha avó, que todos chamávamos de Dindinha, era apenas Resende, como todos nós, não tendo em seu registro nenhum outro nome de solteira que remetesse ao meu lado francês. Adulto, sempre me perguntava se isso tinha sido mais uma das “estórias” do meu pai ou se tinha algum fundo de verdade, mas nunca levei adiante, pois, na verdade, éramos todos Resendes. Talvez por isso, a estória foi ficando de lado e me interessei pelo lado Resende, este comprovado e que pode ser mapeado, desde o surgimento da família em Minas Gerais e, antes de aportarem no Brasil, em Portugal.

Há pouco tempo, depois de uma longa ausência, reencontrei-me com minha prima Maria do Carmo, que continua vivendo na cidade de Alegre, que perfaz as memórias da minha infância e juventude e onde ainda tenho vários outros familiares. No meio da conversa surgiu a informação sobre o lado francês da família e, para minha surpresa, ela afirmou:

– É verdade. Estive em um encontro da família, que contou, inclusive, com a participação de um primo francês, que pertence ao mesmo ramos familiar.

Surpreso, perguntei como ela tinha descoberto isso. E ela contou não só do encontro, mas informou que um nosso tio Raphael tinha inclusive foto do “fundador” dos Bossois no Brasil. Alguns dias depois, visitando meu tio, perguntei pela publicação e ele me trouxe um antigo almanaque de Jerônimo Monteiro que não só resume a história dos Bossois, o meu lado francês, como mostra uma foto esmaecida do que seria o meu tetravô.

Por que nunca ninguém me falou disso? Acho que foi simplesmente por nunca ter perguntado. Se meu tio Raphael sabia da história, certamente meus outros tios também a conheciam e, quem sabe, até meu avô materno, meu padrinho, que nasceu e cresceu na mesma região. Além do mais, ainda existem muitos Bossois em Jerônimo Monteiro e uma simples visita poderia ter desenredado a história.

Enfim, descobri e confirmei que a estória de papai era verdadeira. Em resumo, ela é a seguinte:

No início do século XIX, Cândido José Bossois, então uma criança de oito anos, acompanhou sua mãe, que ficara viúva – o pai morreu nas estepes geladas da Rússia, defendendo Napoleão Bonaparte – que decidiu emigrar para o Brasil. O local escolhido pela viúva foi São João Nepomuceno, em Minas Gerais, onde, algum tempo depois, ela acabou se casando novamente e dando a Cândido um irmão.

Já casado, Cândido moveu-se primeiro para onde hoje é Valença, no Estado do Rio de Janeiro e, depois, para o Espírito Santo, fixando residência no Vala do Souza, hoje o município de Jerônimo Monteiro, onde sucessivamente adquiriu várias fazendas e tornou-se em um dos latifundiários  da região. Foi em Jerônimo Monteiro que nasceram suas filhas e uma delas, Julieta, é a mãe da minha avó paterna, Maria Carolina.

Contam, na família, que o casamento com o meu avô, Osório, foi arranjado e que quando foi realizado, ela tinha apenas 12 anos de idade e, ao invés de cuidar dos afazeres domésticos, preferia brincar de bonecas.

O fato é que a união dos meus avós talvez tenha levado em conta não o amor romântico, como o vemos hoje, mas o interesse de dois possuidores de terras, já que o meu bisavô paterno também era um latifundiário, com o que poderíamos chamar de uma sesmaria que abrangia terras nos municípios de Alegre e Jerônimo Monteiro. Um casamento de interesse, aparentemente, uniu os Bossois – da minha avó – aos Resendes – do meu avô – criando descendentes que tem no DNA a ancestralidade das duas famílias.

O meu lado francês, neste caso, tem uma história muito mais recente no Brasil do que o lado Resende. Entre os dois, estão cerca de 100 anos de separação, o que torna muito mais fácil mapear a trajetória dos Bossois, já que minha avó é a terceira geração, sendo a segunda no Brasil. A história da família remete à França e informa que lá, existem inúmeros integrantes dela, que são parentes dos brasileiros, através de Cândido.

Como fiz com os Resendes, estou contando a trajetória da família Bossois no Brasil, acrescentando detalhes à nossa ascendência, pelo menos no que se refere a mim, meus pais e meus avôs. A informação de minha prima me surpreendeu, mas foi bom ver a confirmação da estória do meu pai.

Pena que ele não esteja mais aqui para ouvi-la. Se isso tivesse acontecido, na certa, ele abriria um largo sorriso e diria:

– Não te falei!

O QUE FALTA DESCOBRIR

Na minha ascendência existem, ainda, duas famílias de que preciso descobrir a origem. Uma delas é Rodrigues da Silva, que vem do marido de minha bisavó – pai da minha avó, Carolina. Como só agora é que descobri isso, ainda não tive tempo de pesquisar. Mas vou fazê-lo. E como aconteceu com os Rezsendes e Bossois, vou contar aqui, no blog, quando descobrir.

A outra é a família Barbosa, do meu avó materno. Sei que ela surgiu em Portugal e que o primeiro sobrenome foi adotado por famílias judias que fugiam da perseguição religiosas. O resto, ainda resta a ser descoberto, pelo menos por mim. E há, ainda, a origem da minha avó materna, de quem sequer sei o sobrenome. Como no caso do que já descobri, também pretendo saber delas.

Tenho uma bela tarefa pela frente se quiser, no final, ter uma árvore genealógica clara.

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