Nos últimos anos, sobretudo a partir do final da divisão do mundo em dois, com a derrocada da União Soviética, o que vemos é a prevalência de uma ideologia, o capitalismo.
A hegemonia é tão grande que alguns teóricos chegam a falar em fim da ideologia. O objetivo, no caso, é naturalizar o capitalismo, apresentando-o como único caminho e tornando-o incapaz de contestação.
O que se defende é a liberdade do mercado, erigido como capaz de resolver tudo. O Governo e a sociedade não tem de interferir, pois o mercado é autossuficiente, autoregulável e capaz de bastar.
É o que dizem. E é o que querem fazer pensar. A realidade não é assim, mas bem outra.
Veja-se o caso da pobreza. Números da Organização das Nações Unidas jogam por terra a eficiência do mercado.
Pelo menos no que se refere à fome no mundo, o mercado nada fez. Os números da ONU falam em mais de 3 bilhões de pessoas vivendo com menos de dois dólares – R$ 4,60 – por dia, R$ 138,00 por mês. Isso é quase metade da população mundial.
Em contraste, 82,7% de toda a riqueza mundial está¡ nas mãos de 20% da população, concentrando-se nos Estados Unidos, Europa e Japão.
Enquanto alguém como Bill Gates, da Microsoft, tem 50 bilhões de dólares, milhões não tem o que comer, morrendo de fome.
O mercado, nesta hora, não é competente para prover comida a quem dela precisa. Como não o é para promover a melhoria de vida em várias áeas do planeta.
O que temos, no final, são não pessoas. Longe dos holofotes, elas não existem.
Os abastados podem, assim, continuar o seu consumo e desperdício.