A TECNOLOGIA QUE NOS FAZ GORDOS

Fazendo uma limpeza das caixas de emails, acabei me deparando com uma matéria publicada pela Wired retratando pesquisa feita pelo Milken Institute, dos Estados Unidos, mostrando que a tecnologia, de um modo geral, é um dos principais fatores para que o mundo torne-se, a cada dia, mais gordo, com o percentual de obesos chegando a bilhões de pessoas e transformando a obesidade em um dos maiores problemas de saúde pública, de acordo com os especialistas.

Mas o que nos levou a isso? Um dos problemas apontados pelo Instituto é o da “comida processada”, que tem de ser produzida em grande quantidade e preservada para atender o consumo humano. Ao lado dos nutrientes necessários à  manutenção do corpo saudável, ela acrescenta uma série de componentes químicos que acabam contribuindo, necessários para a sua conservação, mas que afetam diretamente os humanos. Além do mais, como está à  mão, o seu consumo é mais fácil e, com isso, as pessoas acabam comendo maiores quantidades, reforçando a tendência à obesidade.

Entupidos de comida, nos sentamos diante da televisão e lá ficamos. Antes, tínhamos de levantar para mudar de canal. Hoje, o controle remoto faz tudo, com a tecnologia nos tirando um dos poucos movimentos que fazíamos dentro de casa. O controle remoto é apenas um pequeno exemplo das comodidades que a tecnologia nos trouxe, indo dos transportes à vida diária, o que foi tornando a cada dia mais sedentários, ficando horas e horas sentados, sem nenhum esforço a não ser apertar uma tecla de computador ou o comando de um controle remoto ou usar outro objeto para tarefas do dia a dia, facilitando – pelo menos em termos – a vida de todos nós.

Imagine o princípio da humanidade. Cada um tinha de lutar para conseguir sobreviver e uma das formas de fazê-lo era caçando, correndo atrás de animais que eram mortos para fornecer o sustento necessário a uma pessoa, família ou comunidade. Hoje, o máximo que fazemos é entrar em um supermercado onde tudo está à disposição. Andamos alguns minutos e saímos com tudo o que nos é necessário, além, é lógico, com todas as guloseimas que nos ajudam a engordar. Não há mais esforço para conseguir comida e isso devemos à tecnologia, que a colocou ao nosso dispor.

O mesmo se dá com a locomoção. Quando comecei minha vida de trabalho, saltava do ônibus e para chegar em casa andava quase dois quilômetros. E fazia este mesmo percurso todos os dias para ir para o trabalho. Para chegar a ele, também andava bastante. Hoje, saio de casa, desço à  garagem, pego o carro e me desloco. Chegando, estaciono na garagem do prédio onde tenho escritório e subo pelo elevador. De cada ao trabalho, o esforço é mínimo e o que eu ando – assim como uma grande parcela da população – é mínimo. Se contar da saída de casa à chegada ao escritório não caminho, na verdade, nem 200 metros. Muito menos do que os dois quilômetros do início da vida profissional.

Aqui temos trás exemplos – comida, televisão e deslocamento para o trabalho – mas se formos olhar veremos que em todos os campos temos a presença da tecnologia e ela é usada, quase sempre, no sentido de facilitar a vida das pessoas, impondo-lhes menor carga de trabalho, encurtando distâncias, facilitando tarefas e, com isso, nos tornando a cada dia mais estáticos. Sem gastar o que consumimos, o resultado é a obesidade, uma endemia que ocorre mesmo nos países mais pobres. O caminho a percorrer é o do movimento, conscientizando-nos que devemos usar a tecnologia a nosso favor, mas é preciso, também, que olhemos como ela pode nos ajudar na saúde, criando estímulos para que, se não imitemos nossos antepassados, pelo menos criemos a consciência de que precisamos nos movimentar.

A tecnologia, de verdade, está¡ nos tornando mais gordos. E para constatarmos isso basta que olhemos em volta de nós. As evidências estão nos corpos.

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