O título talvez não seja o mais apropriado, mas é o sentimento que me fica quase todos os dias na hora do almoço. Explico: Há anos fizemos a opção de não almoçar em casa. Inicialmente, devido aos compromissos profissionais, vida corrida, etc. Depois, por comodidade mesmo, retirando da casa tarefas que milha mulher, cansada do trabalho, teria de assumir. Foi um arranjo que, no final, acabou se mostrando benéfica para os dois e que nos permitiu dedicar mais tempo a outras coisas, inclusive ficar juntos, conversar, fazer outras atividades que seriam tomadas pelo trabalho doméstico.
Feita a explicação, o fato: Com a opção de comer fora, a escolha feita, como a de milhões de pessoas em todo o Brasil, é por um self-service, o que significa comida rápida, com você chegando, se servindo, sentando-se, almoçando e saindo. O que ocorre, no entanto, na hora do almoço é muito mais do que chegar, servir, sentar, comer, sair. Há todo um envolvimento humano, com pessoas de todas as idades, casais, grupos de pessoas, conversas, interações e, é evidente, o ato de se instalar para fazer a sua refeição com calma, para alguns, com toda pressa para outros.
O que tenho observado é que, muitas vezes, chegou ao restaurante e encontro pessoas à espera de lugares. Normalmente, sou avisado logo na entrada que há espera perguntando se vou ou não esperar. Quase sempre, espero, mas também dou uma olhada no salão do restaurante para ver se há algum lugar vazio. O corriqueiro é encontrar mesas de dois lugares com um só ocupante ou mesa com quatro lugares com um ou dois ocupantes. Os outros lugares ficam vazios durante todo o tempo. Neste caso, entro, sirvo-me e dirijo-me a uma das mesas com lugares desocupados e pergunto se posso sentar-me. Até agora, nunca recebi uma recusa.
O comportamento que adoto parece ser diferente do que a maioria faz. Casais, grupos, amigos, colegas aparentemente preferem que uma mesa fique vaga para ocupá-la. Com raríssimas exceções não vejo ninguém aproximar-se de uma mesa parcialmente ocupada e pedir licença para sentar-se e quando isso ocorre as pessoas são de mais idades, não os jovens, que são maioria neste tipo de restaurante. Outra coisa a se observar é que, quando se trata de estranhos na mesma mesa, o que prevalece é o silêncio. Eles estão próximos, mas não se comunicam. é como se cada um ocupasse um espaço único, separado do resto do mundo.
Por que acontece isso? Não sei. Mas aparentemente, as pessoas parecem evitar o contato com quem não conhecem, demonstrando um determinado medo de aproximação. Ou será que é o receio de, ao perguntarem se podem sentar-se, receberem um não? Não sou analista do comportamento humano, portanto, não tenho explicação. O que vejo é a realização desse distanciamento, deste “medo” quase todos os dias. Na hora do almoço, não somos, assim, os animais sociais que, dizem os especialista, os humanos são.
2 Respostas
Oi LIno.
Geralmente eu também procuro uma mesa vazia, mas se eu estiver com pressa e houver algum lugar vazio eu pergunto se posso me sentar. Também nunca recebi um não.
A mesma coisa acontece quando me pedem para sentar na minha mesa. Para mim não há problema algum.
Agora, conversar é diferente. Sei lá, eu não me sinto muito à vontade puxando conversa com estranhos. Se a pessoa começa o papo eu continuo mas nunca iniciei uma conversa.
Bjs.
Elvira
Oi Lino,
é mesmo interessante a postura de algumas pessoas…
Eu faço extamente assim, me sirvo e quando vejo que existem mesas com apenas duas pessoas, eu e o Marido, apenas pedimos licença para sentar, pois entendo que aquelas pessoas não são as proprietárias do restaurante, mas apenas usuários que nem nós… Mas as vezes o silêncio impera…
abs,