Olhando a questão dos lados econômicos e social sempre vivos a sociedade como uma pirâmide. No topo dela estão os mais privilegiados, que ganham bem, moram em belas casas ou apartamentos, tem carros, podem viajar e mantem elevado padrão de vida. Na base, estão os mais pobres, o que no caso do Brasil pode significar, também, que nela se encontram os que passam fome, se amontoam em barracos e não tem muitas perspectivas em relação ao futuro.
A classificação brasileira, ao longo dos últimos 100 anos, era da existência de cinco diferentes classes, começando com a A, indo para a B, passando pela C, chegando a D e finalizando na E. A ideia era que a classe E constituia-se na base da pirâmide social e, a partir dela, as outras iam subindo, até chegar ao topo, onde vive a elite que, no final, é quem comanda o país. A classificação destas classes leva em conta, basicamente, o nível de rendimento pessoal e familiar de cada integrante de uma delas.
Hoje, para efeitos de estudos e de estatísticas, alguns dividem as classes A e B em dois segmentos distintos, com A e A1 e B e B1, o que elevaria as cinco iniciais para sete. O que está acontecendo, no entanto, é um achatamento entre as classes, com a C assumindo um espaço muito maior e transformando a pirâmide em triângulo. Dados que acabam de ser divulgados pelo Cetelem indicam que na classe C estão 54% de todos os brasileiros, o que abre a pirâmide, colocando-lhe as pontas que a transforma, criando o triângulo das classes sociais no Brasil.
O crescimento fez, ainda, com que os integrantes da classe C ganhassem poder de consumo e superassem, em muitos segmentos, as classes A e B. Foi entre seus integrantes, também, que houve o maior aumento de rendimentos e sobra de dinheiro no final do mês, permitindo não só o aumento da poupança, mas o do consumo, com a aquisição de itens que, antes, dela estava muito distante. Outro fator é que, mais e mais, as classes D e E se confundem, com esta última encolhendo a cada ano e contribuindo, no caso, para acelerar a transformação da pirâmide em triângulo.
Estas mudanças revelam, por outro lado, a grande transformação do Brasil. Levando em consideração os números, estamos no caminho de deixar de ser o país do futuro e transformarmo-nos em realidade, não só do ponto de vista econômico, mas social. Se compararmos com o chamado primeiro mundo, a diferença ainda é muito grande, mas houve avanço e o nível de pobreza tem diminuído, beneficiando milhões de pessoas.
Podemos ficar contentes com isso? Não. É preciso fazer mais, erradicando a miséria, ampliando a educação, oferecendo melhor atendimento à saúde e, no final, criando as condições para que saiamos do triângulo e tenhamos um retângulo, o que mostraria maior justiça social.
OBSERVAÇÃO: Depois de escrito e publicado, vi que o conceito de triângulo está equivocado, pois a pirâmide, na verdade, é um triângulo. Neste caso, a melhor representação seria de cone, já que as classes sociais estão se achatando.