O brasileiro gosta de se automedicar e isso é uma constatação, bastando, para fazê-la, ir a uma farmácia. O que mais vemos são pessoas chegarem, pedirem um medicamento e saírem, quase sempre sem apresentar uma receita. A questão dos medicamentos nos leva a uma outra questão, que são as próprias doenças e seus sintomas. Aqui, entre um outro lado que deve ser olhada e que deu motivo a este post: conversas de restaurantes.
Ao lado da minha mesa, um grupo começou a conversar sobre doenças e, nelas, chegou-se à diabetes, hipo e hiperglicemia. Aparentemente, pela forma como falavam, alguns dos participantes – senão todos – eram médicos. O que diziam é que há¡ muito mito sobre a diabetes, o que se deve ou não fazer quando a tem e até que ponto o consumo de açúcar pode ou não ser feito. Este foi o assunto dominante, pelo menos durante o tempo em que fiquei no restaurante e, nele, praticamente só se ouvia o grupo conversar.
O que me chamou mais a atenção – não que me especialize em seguir a conversa alheia – foi a observação de um dos participantes de que as pessoas não conhecem sintomas de doenças, notadamente no que se refere à necessidade de consumo de açúcar ou a evitá-lo. O que um dos participantes observou é que diabetes não significa, necessariamente, a total abstenção de açúcar e que, nos casos dos hipoglicêmico, ele é necessário.
A questão da hipo e da hiperglicemia – baixa ou alta taxa de açúcar no sangue – centrou as conversas e uma das participantes observou que as pessoas não conseguem identificar os sintomas de quando necessitam de açúcar ou devem evitá-lo. Isso se deve, também, ao fato de a sintomatologia ser diferente de pessoa por pessoa. Algumas, tem dor de cabeça. Outras, tontura. E assim vai. E o pior de tudo é que não existe orientação profissional para os portadores destes problemas, que muitas vezes só os identificam quando tem um problema maior e são atendidos por um médico.
O que me ocorreu é que, se a situação é mesmo com a pintaram, seriam necessários programas públicos que abraçassem o problema e levassem orientação e conselho à população, fazendo com que identifique se tem hipo ou hiperglicemia ou se é ou não diabético. O diagnóstico precoce destes problemas e doenças, pelo que li depois de ter ouvido a conversa, permite que sejam controlados e as pessoas consigam viver normalmente, tomando, é lógico, alguns cuidados.
Além disso, e a partir da conversa, fiquei pensando que nenhum de nós é especialista para saber que uma determinada reação do corpo – dor de cabeça, tontura, etc. – pode ser o sintoma de uma doença, um problema. E isso ocorre por falta de conhecimento. Hoje, todos nós sabemos dos cuidados que se deve ter na hora dos relacionamentos sexuais devido à s campanhas feitas. Em relação a outras doenças isso não existe ou é feito em menor volume.
A questão perpassa o nosso cotidiano. E sem os conselhos médicos, corremos o risco de estar, ao ir à farmácia, comprar e tomar um remédio, fazendo a coisa errada e, ao invés de combatermos um problema, acabamos criando outros. Informação, neste caso – pelo menos é o que eu penso – é tudo. E cabe ao Estado tomar a iniciativa de provê-la, afinal a saúde é um bem público.