O ARGUMENTO IRREFUTÁVEL

Qual é a participação que a tecnologia tem em nossas vidas? Talvez você diga que dependa do que faz ou de como usa os meios que são colocados à disposição de todos nós. É verdade. Mas a pergunta tem outro sentido, que é a interferência da tecnologia que não vemos, que é usada em serviços e em outros meios que, sem ela, não funcionariam. Um exemplo? O caixa automático do seu banco. Ao usá-lo, você não pensa em toda tecnologia que há por trás e um simples terminal. E, pior, que sem ela, o terminal não funcionaria, obrigando-o a ir ao banco, enfrentar fila, perder tempo, etc.

Hoje, a tecnologia é praticamente onipresente. Se você não vê um computador, não pensa em um programa, em um aplicativo, isso não quer dizer que não haja tecnologia envolvida no que está fazendo, no serviço que está tomando, na ação em desenvolvimento. O interessante de tudo isso é que, normalmente, nem percebemos esta presença. A percepção, na verdade, só se dá em momentos negativos, quando a tecnologia falha. Se o celular perde o sinal, acaba trazendo transtornos, pois esperamos que ele esteja sempre funcionando.

Celular, internet, iPads, iPhones, computadores portáteis e móveis, GPS no carro, mapas do Google e redes sociais são apenas manifestações de algo que é muito maior e que não vemos. Voltemos ao caso dos celulares. O seu funcionamento depende de meios físicos, mas se não houver tecnologia por trás, eles simplesmente param. São os aplicativos que fazem com que os meios físicos funcionem e que possamos falar, ler emails, tuitar, tirar fotos e jogar. Os bancos são outro bom exemplo. Se os meios técnicos caírem, os físicos morrem e tudo para.

Se na iniciativa privada o meio tecnológico já está amplamente disseminado, no setor público ele começa a se expandir e o que vemos, também, são sistemas que fazem os mais diversos controles, do simples protocolo de um documento, um pedido, ao pagamento das obrigações de uma Prefeitura e a cobrança de impostos. Em muitos casos, já podemos fazer on line uma série de procedimentos, o que significa o uso mais intensivo da tecnologia e, nela, da informática e dos softwares que controlam computadores e redes.

Bem, você deve estar perguntando, e por que “o argumento irrefutável” do título. Ele está diretamente relacionado a tudo o que foi dito acima. E esta ideia me surgiu após ir à Prefeitura da minha cidade para protocolar um documento. Dei sorte de ser um daqueles momentos que o protocolo estava vazio, mas quando estendi os documentos, ouvi: “Desculpe, mas o sistema está fora do ar”. Este é o argumento irrefutável, pois não há mais como se opor a ele. O sistema não funciona, e pronto. A única forma é esperar que ele volte ou, então, voltar e tentar protocolar o documento depois.

Há alguns anos, na época do regime militar, havia uma revista, Argumento, que morreu depressa, pois fazia oposição ao Governo. Nela, uma das máximas era de que contra fatos ainda existe o argumento. Você pode ver um fato de vários ângulos e, por isso, debater, argumentar. Quando o sistema cai, não há essa possibilidade. É algo definitivo, que só se resolve quando ele volta. Nenhuma ação que tomar vai mudar a situação, já que, não havendo sistema, você está fora do mundo. Para tudo. É, em definitivo, o argumento irrefutável.

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