Sou – e acho que já confessei aqui – apreciador de um ramo da literatura (?) que não é muito considerado, a ficção científica. Aqui, no Brasil, temos alguns títulos publicados, mas eles são poucos e, quase sempre, são editados quando fazem um grande sucesso lá fora ou, então, são escritos por nomes consagrados, como Michael Crichton, autor de Parque dos Dinossauros, Arthur Clark, Isaac Asimov e alguns outros. Além deles, existe um grande número de autores que, se os quisermos ler, teremos de recorrer ao inglês, ao espanhol ou ao português de Portugal, que tem um bom volume de publicações do gênero, com coleções que duram anos.
Mas por que isso? A explicação chama-se FlashFoward, uma série lançada pela ABC dos Estados Unidos e que chegou há pouco ao Brasil e que tem a pretensão de substituir Lost, cuja última temporada – pelo menos é esta a promessa – está em andamento. Mas o que atrairia o telespectador para a nova série? A temática, que trata da investigação de um apagão mundial em que todo mundo, por pouco mais de dois minutos, viu o seu futuro. A série é baseada no livro do mesmo nome de Robert J. Sawyer, escritor canadense, mas é bem diferente da ideia original.
No livro, durante uma experiência no CERN, na Suíça, os cientistas tem um apagão e acabam vendo seu futuro. Intrigados com o que viram, com exceção de um deles, que afirma não ter visto nada, acabam descobrindo que foi um apagão geral. A série parte da ideia de se ver o futuro e de esta visão ter acontecido durante um apagão geral, que atingiu todo mundo. A partir daí, começa uma investigação que objetiva descobrir se este apagão foi ou não provocado por alguém.
A visão de futuro, no caso, serve apenas como condutor da investigação. No caso da ficção científica, trabalha-se muito com o futuro, mas ele está, quase sempre, ligado aos problemas do presente e, por isso, é usado como meio de discutir os problemas atuais. Temos, algumas vezes, um mundo cataclísmico, derivado do que estamos fazendo ao planeta. Ou algo bem idealizado, uma utopia, mesmo, que pretende mostrar o que poderíamos construir.
A questão que tanto o livro quanto a série levanta é: E se víssemos o futuro? Como será que agiríamos? Levando em consideração que o futuro é uma construção, será que o tornaríamos diferente do que ele poderia ser? Vendo uma “realidade” à frente será que teríamos disposição para fazê-lo diferente? Ou pensaríamos que tudo está determinado – como a discussão feita em Lost – e deixaríamos as coisas correrem? São perguntas difíceis de responder, mesmo na ficção.
Se gosto de ficção científica sou daqueles que pensam que o futuro depende do que fazemos agora. Então, podermos construí-lo, tanto no plano individual, quanto no coletivo. O que precisamos é de ação, sonhando com algo melhor do que temos, almejando crescer e, com isso, realizando algo diferente do presente. De qualquer forma, o livro de Sawyer e a série – no Brasil, passa no canal a cabo AXN – podem nos oferecer material para reflexão e fazer com que pensemos como queremos o nosso futuro.
E você, o que pensa? O que aconteceria se víssemos o futuro? Mudaria alguma coisa no seu comportamento? Ou não?. Com a série, a discussão está aberta. Dê a sua opinião!
Uma resposta
Oi Luma.
Vi a propaganda da série, mas não estou assistindo. Suspeito que seja uma série estilo Lost, com muitos enigmas e um longo tempo para chegar ao fim. Neste caso, prefiro ler o livro, do que esperar quatro ou cinco anos para assistir o desfecho da trama. Gosto mais das série estilo Lei & Ordem, onde cada episódio tem começo, meio e fim.
Se pudesse ver o futuro, mudaria o que fosse necessário para evitar as coisas ruins. As amargas, não. Aliás, acho que neste caso – saber o que vem por aí – seria semelhante a uma volta do passado. Em ambos os casos, saberíamos o que esperar.
Um abraço.