OS “BARRACOS” DO AMOR

Grande poeta e ótimo letrista, Vinícius de Moraes cunhou uma frase em relação ao amor que deveria, mesmo, ser padrão para todos aqueles que, um dia, se envolvem com outros: “(…) mas que seja eterno enquanto dure”. Sentimento poético à parte, é isso mesmo o que deveria acontecer, aproveitando-se a duração do amor e não querendo que ele seja eterno, eterno. Enquanto durar, nos ensina o “poetinha”, devemos aproveitá-lo, seguindo em frente quando do seu término. Mas é isso o que acontece?

Na vida real, o que impera não é a poesia. E ela é bem diferente do que dizem os poetas, do que eles sonham. Quando se trata do amor, então, nem se fala. Neste blog, este assunto já foi abordado antes, sob ângulos diferentes – Eterno, enquanto dure; Amor para por fim ao stress; O que mata o amor e Os efeitos da paixão – indo do lado científico ao comportamento das pessoas. Mas sempre sobram outros ângulos que podem ser abordados e que mostram como nós, seres humanos, reagimos ao amor e, principalmente, ao seu fim. Às vezes, ele termina naturalmente, mantendo-se até a amizade. Mas às vezes, é tumultuado, difícil, deixando marcas profundas e levando a comportamentos extremos.

É desse outro lado do amor, dos rompimentos difíceis e dos “barracos” que ele causa que o jornal A Tribuna, de Vitória, no Espírito Santo, falou em uma ampla reportagem. Ouvindo homens e mulheres, relatou o comportamento adotado por eles ao fim de um relacionamento. O que se vê, no final, não nos abona muito, começando por uma namorada que, ao fim do relacionamento, em uma incursão acabou deixando o ex a pé, já que furou todos os pneus do carro dele. Ou pode, também, acontecer como aconteceu com o Pedro, que virou hit no Youtube, com a namorada pedindo, Pedro, Devolve meu chip, armando um “barraco” cibernético.

As pessoas, nestes casos, adotam comportamento estranhos, como o de montar o seu barracão em público, usando um bar para desancar o ex, constrangê-lo e, por que não dizer, passar um pouco de vergonha com o que armou. Pelo menos depois de refletir um pouco e ver a situação do seu real ângulo, que é o ridículo deste comportamento. Mas as coisas vão além e podem virar fofoca, principalmente quando o sexo está envolvido. São os comentários maldosos sobre desempenho, que tanto afetam os homens, ou comparações desabonadoras espalhadas entre amigas e, destas, para um círculo bem maior. É uma exposição dupla, neste caso.

As coisas podem, até, ficar mais violentas, como jogar o carro sobre a ex-namorada, amedontrando-a e ameaçando-a. O jornal não relata, mas este é um caso que pode, muito bem, acabar na Polícia, com queixas de tentativa de morte, processo, prisão e condenação. Será que vale a pena correr este risco só pelo fim de um relacionamento? O “barraco” pode ser montado através do telefone, também, com constantes ligações da ex para a nova namorada, infernizando sua vida. Neste caso, viva a tecnologia, de um e de outro lado. Para uns, existe o telefone. Para outros, identificador de chamadas. Só que com alguma articulação é possível usar números diferentes.

O jornal relacionou mais alguns casos, destacando o estranho comportamento que pessoas inteligentes adotam ao fim do namoro, ao término do amor que deveria ser eterno. O “enquanto dure” aqui não conta. O que as pessoas querem, quando se trata de relacionamentos, é que eles tenham a configuração dada pelos cristãos, que é o de “até que a morte nos separe”. Às vezes, os relacionamentos dão mais certos e duram. Outras, não. E acabam. Um e outro lado são comportamentos humanos comuns. Se as pessoas acham normal a continuação, veem como anormal a ruptura e as duas, na verdade, são fatos da vida. O problema é como enfrentar a situação.

Começo e fim são coisas normais da vida. A entropia existe para tudo, inclusive o amor. Se ele acaba, vamos recordá-lo pelo bem que ele nos trouxe e seguir em frente. Acho que este deveria ser o comportamento, mas nisso falo por mim. O que é que você acha?

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