Jovem ainda, tive um professor que, diante de um questionamento, me disse: O importante não é a resposta, mas, sim, a pergunta. O que ele disse não chegou a virar um máxima, mas me acompanha desde então e quando vejo alguém falar em respostas, que está tudo respondido, penso no que o meu professor disse. Acho que foi por este espírito que acabei escolhendo o jornalismo como profissão. Afinal, nele, temos de fazer perguntas. Sem elas, não existem estórias a serem contadas, não existem reportagens, não existem informações.
Mas por que tudo isso? Há uma razão e ela decorre, basicamente, da leitura de um artigo de Brian Greene, escrito para a Wired, uma revista sobre tecnologia. Ele parte da possibilidade de um dia algum alienígena chegar à Terra e ter as respostas para todas as perguntas, explicando – não no sentido do Monty Phiton – o sentido da vida, do universo ou sei lá mais o que. Imagine tudo explicado! Inicialmente, lembra Greene, poderíamos ficar excitados pelas descobertas que faríamos, adquirindo novos conhecimentos, sobretudo por ver esclarecidas questões sobre as quais nossos cientistas se debruçam há anos.
E passado o excitamento, como seria? Lembre-se que não teríamos mais mistérios, não mais teríamos perguntas sem respostas. Você consegue imaginar? Teríamos, certamente, um mundo muito, muito chato. Se olharmos ao longo da história de toda a evolução humana há dois fatores decisivos para que ele siga em frente. Um deles é a necessidade. Elas nos move mesmo que não nos queiramos mover. Um outro fator importante é a curiosidade. Sem ela não teríamos Colombo, não teríamos voos espaciais e não teríamos inúmeros avanços das ciências. Você já tinha pensado nisso? Volta-me, então, a memória do meu professor, que estava certo.
Brian Greene lembra que tem levado esta questão a palestras que faz, sobretudo para estudantes. E neles vê a surpresa de constatarem que são as perguntas que movem o mundo, que o fazem andar para a frente, não necessariamente as respostas. Lembrem-se que o mundo já foi plano e a Terra já foi o centro do universo. Fazendo novas perguntas – e aventurando-se para comprová-las – os navegadores tornaram o mundo quase redondo. E os cientistas acabaram provando que a Terra é apenas mais um planeta e um vastíssimo universo. Como observa Greene, a ciência é uma jornada e o modo de percorrê-la é fazendo perguntas e buscando respostas que as satisfaçam.
Não é diferente com o aprendizado, nem com a vida. Ao longo de um e de outro estamos sempre fazendo perguntas e buscando respostas. As vezes as duas coisas acontecem juntos, ensinando-nos novas lições e permitindo que possamos dar um passo à frente. O artigo de Greene volta-se para a ciência, o que ela é e como se tornar um cientista. Mas, por analogia, podemos usar o que diz para o cotidiano, para a vida diária, no trabalho, em casa, com os amigos. Desde a fase dos porquês, na infância, estamos sempre perguntando. E só paramos de questionar quando a vida finda.
Nós, humanos, somos movidos a curiosidade. E se somos assim, um mundo sem questões, com todas as respostas dadas seria extremamente chatos. Não haveria o que descobrir, não haveria o que aperfeiçoar, não haveria evolução, mas estagnação. Estava certo o meu velho professor. As perguntas é que são importantes. E as respostas só se tornam importantes se a pergunta for bem feita, buscar uma nova explicação, uma nova abordagem. Elas são fundamentais para a vida e para o aprendizado. Você tem alguma dúvida?
5 Respostas
Adorei o texto! Eu tb adoro perguntar… sou curiosa demais. Tb concordo com seu ex-professor.. o importante é a pergunta, pq uma pergunta interessante, curiosa, maliciosa ou não é que vai ditar toooda uma conversa… uma linha de pensamento…e por ai vai…
To me sentindo excluida… todo blog que vai tem essa caixinha do Twitter… to quase fazendo um..rs mas eu jurei pra mim mesmo… que não iria me escravizar com mais um site de relacionamento…
bjsssssss
Claro, Lino! Que as perguntas são a alavanca da humanidade, do seu caminhar, do seu progresso, das suas luzes! Já pensou se não fizéssemos perguntas? Aliás, a curiosidade deve ser inerente ao humano…E é muito interessante observar uma pessoa pelas perguntas que ela faz…rs Sou professora. E já consegui avaliar alunos, antes mesmo de conhecê-los, pelas perguntas que levantavam diante de problemas.
E eu fui a maior “perguntadeira” da minha fase escolar…Chegava a irritar os professores.
Mas, chegar à sabedoria total deve ser o máximo do tédio! Nem valerá a pena viver…não? rs
Beijos.
Dora
Nenhuma duvida,LINO. Mesmo pq,ultimamente ,o que eu tenho me estressado com perguntas que escuto,principalmente de “jornalistas” esportivos,é pra envergonhar a classe.
Abração!!
É verdade sem perguntas o mundo estaria estagnado mas este professor considerava qualquer resposta como a certa?
Minhas dúvidas são tantas, Lino, e minhas curiosidades maiores ainda!
Sou daquelas pessoas que estão sempre querendo saber, pesquisando, descobrindo os porquês da vida, sabe?
Ainda bem que existe um leque de possibilidades…
Bjo.