Se olharmos para os constantes estudos e as estatísticas que falam do acesso à internet, do tempo de permanência nela, ficamos com a sensação de que o mundo está todo conectado e que as pessoas – o que é verdadeiro – mais e mais estão dependentes desta grande rede para a sua diversão e para o trabalho – como é o meu caso, podendo me considerar, tanto pessoal como profissionalmente, um usuário bem intensivo.
Se olharmos para os locais certos, no entanto, vamos ver que o panorama é bem outro. Veja-se o caso dos vários programas de inclusão digital, sobretudo voltado para os países mais pobres e, em alguns deles, como o Brasil, para áreas mais carentes, onde a aquisição de um computador e sua ligação com a internet ainda é um sonho. Ao contrário do que imaginamos, o mundo não está conectado. Uma parte dele, sim. Mas a grande maioria, não.
Vin Cerf, um dos dirigentes do Google e tido como o criador da internet como a conhecemos hoje, chama a atenção para o fato de em 2010 – sim, daqui a um ano – não mais termos IPs disponíveis – sigla para protocolo de internet, um endereço numérico que dá vida aos domínios como, por exemplo, este linoresende.jor.br. Ele defende a mudança, pois sem novos IPs a internet não conseguirá continuar crescendo.
O problema fica maior quando sabemos que a internet tem um crescimento exponencial e ele deve continuar devido aos inúmeros gadgets – telefones celulares, consoles de jogos, iPods, etc. – que são conectados a cada dia à internet. Então, como atender esta expansão se a possibilidade de concessão dos IPs está limitada? E esta é apenas parte da questão, uma vez que, na realidade, 80% de todo o mundo continua off line.
Tomemos como exemplo o caso do Brasil. E não precisamos ir para o Nordeste ou Norte ou Centro-Oeste, não. Vamos ficar no Sudeste e, nele, pegar o Espírito Santo, que é um pequeno Estado. Escolas, serviços públicos e empresas trabalham sem computadores e sem acesso à internet. A situação tem melhorado, mas em muitos casos há empresários que sequer sabem as possibilidades que um e-mail oferece como ferramenta de trabalho. E muitos não estão informatizados, que dizer de conectados à internet.
No espaço em que nós, os blogueiros, vivemos ficar fora da rede é impensável. Mas e para o restante das pessoas, o que acontece? Olhe do seu lado e vai descobrir gente que só não tem, mas não sabe o que é um blog. E se usa e-mail, o faz de forma ocasional, não intensiva. Computadores? Muitos não os tem. E alguns que já o compraram, não sabem mexer nele. Quem aproveita, na maioria das vezes, são os filhos adolescentes. E estes exemplos se multiplicam, fazendo com que, os não ligados, sejam maioria e, nós, minoria.
Se pararmos e olharmos os números vamos ver que, sim, há uma grande utilização da internet, mas ela não se universalizou. Hoje, quem a usa é uma pequena parcela, um grupo de elite, de privilegiados. Fora disso, o mundo está off line e não há, pelo menos em curto prazo, como mudar a situação, que é pior à medida que saímos dos centros maiores – aqui, tanto no caso de países, como de cidades – e avançamos para a periferia.
O mundo, dizem os profetas do globalismo, se tornou global. Para uma casta, talvez sim. Para a grande maioria da população, no entanto, ele continua muito, muito local. E para constatarmos isso, como já frisei, não precisamos ir longe. Basta olhar para o lado, para o que está próximo de nós. Faça o teste e veja que o mundo, na verdade, está muito pouco conectado. (Via ReadWriteWeb, em inglês)
6 Respostas
É verdade, Lino, basta olhar em volta.
Um abração.
Infelizmente nem todo mundo tem condições de adquirir um computador e qdo adquire é imediato vc associar para acessar a internet.
Big Beijos
Engraçado que hoje estou divulgando o “Shut down day” que pede para as pessoas passarem um dia desconectadas.
Mas Lino, vivemos a nossa realidade de terceiro mundo! Lullinha já chamou no planalto mês passado o presidente da Anatel, porque ela estaria atrasando o programa de banda larga nas escolas.
Sabe que as crianças e adolescentes, na maioria das vezes são os que levam para dentro de casa as modernidades.
Eu nem sabia deste lance de ip faltar, achei que irÃamos mandar todo o nosso lixo virtual para as nuvens 😉
Ontem li no “Crônicas da Fronteira” a indignação de um jornalista por conta das falsas espectativas que os governos do Amazonas e Roraima repassam para o povo, prometendo conexão por fibra ótica para toda a região norte já que as conexões por rádio são inconstantes. Quer dizer, o povo até quer e muitos podem ter conexão em casa, mas cadê ela?
Beijus
Tem razão,LINO. A internet ainda tem um poder vasto de expansão. Mas se o número de IP’s está perto do limite,chegamos a um impasse,não é?
abraços!!
Lino,
eu passo muito mais tempo do que gostaria conectado. Mas reconheço que faço parte de uma minoria em nosso paÃs. As pessoas não têm dinheiro para comprar um computador e, se compram, pagar as taxas para conectar-se à internet se torna um enorme desafio.
Abraço.
adorei seu site