(UPDATE) Todos nós temos lembranças ruins, coisas que gostaríamos de esquecer, deixar para trás e nunca mais lembrar. Não seria bom, então, que se descobrisse um meio de fazer com que a memória fique seletiva, arquivando, em definitivo, o que é ruim e só lembrando das coisas boas? Certamente que sim. E é isso, pelo menos de modo parcial, que um grupo de pesquisadores da Holanda está anunciando. Estes pesquisadores acreditam que os chamados beta bloqueadores, usados para tratamento de problemas cardíacos, podem alterar a memória, impedindo que as lembranças venham e que provoquem sofrimento nas pessoas, principalmente em função de algum tipo de trauma.
Bem, não é ainda uma pílula da boa memória, mas já é um primeiro passo. E bem não surgiu a possibilidade de se “apagar” o que não é bom, já tem gente levantando questões éticas relacionadas a este procedimento. Mas o que os pesquisadores fizeram? Eles criaram, de forma artificial, memórias que induziam ao medo, associado figuras de aranhas com pequenos choques nos punhos dos voluntários. Depois disso, no dia seguinte, estes voluntários eram divididos em dois grupos. Um deles recebia beta bloqueadores. O outro, tomavam uma falsa droga, que não tinha nenhum efeito. Então, a cada grupo eram mostradas as mesmas imagens do dia anterior.
O resultado é que o grupo que havia tomado os beta bloqueadores mostravam menos medo do que os que haviam recebido um comprimido inócuo. Diante dos resultados, o líder das pesquisas, Merel Kindt, explicou que, na verdade, não há um apagamento da memória, que continua intacta. O que há, segundo ele, é um abrandamento da lembrança, provocada pelo uso dos medicamentos. Como a memória é menos intensa, o medo também. O médico acredita que a descoberta é importante e vai ajudar no tratamento das pessoas que tem traumas, controlando-lhes as lembranças e, com isso, diminuindo o medo que sentem.
Se os pesquisadores veem seu estudo como um avanço e uma boa possibilidade, de outro lado, há questionamentos em relação ao seu possível uso. Apontam para a possibilidade de a redução da memória provocar, como efeito colateral, uma modificação de personalidade. E alinham, ainda, um outro fator que deve ser considerado, que é a possibilidade da aceleração do mal de Alzheimer, uma doença degenerativa que atinge a memória das pessoas mais idosos e que, neste caso, pode ter seus efeitos antecipados. Este é o outro lado de uma moeda que, inicialmente, parece uma boa coisa, livrando as pessoas do que temem, principalmente se este temor está guardado na memória.
O estudo é bom ou mau? Depende de como será usado e depende, muito, dos resultados que efetivamente provocar. Adquirimos nossas memórias, mesmo aquelas de que não gostamos, ao longo da vida. E elas passam a ser integrantes do que somos. Se não tivéssemos vivenciado uma determinada experiência talvez fôssemos diferentes do que somos. Podemos mudar isso? O estudo indica que há, sim, uma possibilidade. Mas o que acontecerá se a nova técnica se mostrar mesmo efetiva?
Uma das possibilidades é a pessoa se submeter a um tratamento para esquecer parte do que não quer lembrar. Trauma? Não, apenas má lembrança. E havendo a droga, certamente haverá quem a queira tomar e alguém disposto a aplicá-la ou receitá-la. Se e quando isso ocorrer estaremos funcionando quase que como um computador. Nele, você mantém o que quer e apaga o que não deseja ater. Seria assim com a nossa memória. Será que seria uma boa coisa? Talvez o seja do ponto de vista terapêutico.
A questão, no entanto, é onde vamos parar e se há um limite para a aplicação da nova descoberta. Para saber as resposta vamos ter de esperar, afinal o estudo é apenas experimental. Mas cabe, agora mesmo, uma outra questão: Você apagaria parte de suas lembranças? Se se dispusesse a fazê-lo não estaria perdendo uma parte do que viveu e, consequentemente, uma parte de sua própria vida? Não tenho problemas e nem tive assim tão maus momentos, mas acho que não me submeteria ao apagamento do que está guardado nas minhas memórias não. E você? (Via BBC, em inglês)
DEPOIS DO CARNAVAL
Não se trata de folia, mas de descanso. Então, por isso, este blog vai ficar ao deus dará até o carnaval passar.
Espero, então, dar maior atenção a ele e aos que passam por aqui. Tenho tido pouco tempo para o blog, fruto de muito trabalho, correria, etc – o que não é muito diferente de todo mundo – mas espero voltar a olhá-lo com maior cuidado.
Então, até o mês de março.
7 Respostas
Lino, não tem jeito. Memórias boas ou más são a nossa vida e, de uma forma ou de outra, moldam nossa personalidade, caráter e por aà vai.
Como apagar uma parte nossa ?
A não ser que queiram “pasteurizar” a humanidade…
Um abração.
As experiências não são más nem boas, são o que os homens quiserem fazer delas.
Se forem utilizadas as novas “drogas” para tratar traumas que impedem alguém de continuar uma vida saudável, nada contra. Porém, indiscriminadamente será sempre nocivo, pois como muitos já disseram, somos o somatório das nossas experiências e, se algo correu mal, teremos mais cuidado para a próxima. De contrário, agiremos toda a vida como crianças inconscientes e irresponsáveis.
Um abraço
Joana
Jamais eu apagaria minhas lembranças,LINO. Mas concordo que poderia ser util a muita gente.
Grande abraço!!
Minha mae nao precisa dessa pilula, ela so lembra do que quer. Mas tem efeito colateral sim, a memoria dela é beeeemmm falha!!!
Beijos da Cam
Lino, até a alimentação influencia a nossa memória. Não vê quem bebe muito? 😀
Essas pesquisas, não sei. Melhora uma coisa e piora outra, né?
Bom descanso! Beijus
Lino, concordo com o CEJunior. Eu mesma criei o blog para desabafar , depois de meu avc hemorrágico e cirurgia cerebral. Depois, com medo das falhas da memória, meu blog virou um banco de memórias. Mesmo as ruins, não quero perder nenhuma. São aprendizado!
Um beijo!
existe algo que gostaria de esquecer, pois, sei que isso não faz parte do meu caracter, nem formou minha personalidade, e não faria diferença se não constasse na minha memoria, pelo contrário, me faria muito bem.