A NOSTALGIA COMO TERAPIA

Todos nós, em algum momento, ficamos nostáligicos. Lembramos as boas coisas do passado e, em alguns casos, tendemos a considerá-las melhores que o presente. Também lembramos do que não é tão bom. Este tipo de lembrança, segundo os cientistas, ajudam as pessoas, podendo evitar que se tornem solitárias. Segundo dizem, as pessoas podem ser treinadas para exercitá-las e, com isso, impedir que sobre elas a solidão se abata. Em um estudo sério, cientistas chineses e ingleses constataram que os solitários são mais nostálgicos e que usam a nostalgia como forma de suprir a exclusão ou o suporte social. Tenho boas e más memórias e as lembro. Acho que foram elas que me fizeram do jeito que sou. E você, o que acha? Que boas ou más lembranças tem? Será que os cientistas estão certos? Eu, particularmente, acho que sim.

Com os dias ficando longos e mais quentes e com aproximação do final de ano, muitos de nós começam a pensar nos antigamente. Este sentimento e desejo pelo passado é conhecido como nostalgia e todos nós acabamos, mais cedo ou mais tarde, tendo este tipo de sensação, lembrando as boas e, muitas vezes, a nem tão boas coisas por que passamos.

Alguns, inclusive, tem o hábito de, ao lembrar, dizer que antigamente era melhor do que hoje. E todos nos, eventualmente, somos remetido ao passado que, olhado do lado da memória, é uma reconstrução no presente, não guardando, necessariamente, ligação com o que efetivamente vivemos. Bom, mas isso é uma outra conversa e não vamos tomar o caminho das memórias.

O que acontece quando lembramos o passado e, de alguma forma, o revivemos? Foi esta pergunta que cientistas da Universidade Sun Ya Tsen, da China, fizeram. E o resultado da pesquisa feita a partir da inquirição acabou de ser publicada em uma revista científica voltada para a área de psicologia, a Phycological Science. Os cientistas concluíram que a nostalgia serve a um grande propósito, além de nos levar de volta ao passado.

Os psicólogos Xinyue Zhou e Ding-Guo Gao, juntos com Constantine Sedikides e Tim Wildschut da Universidade de Southampton, na Inglaterra, exploraram a conexão entre solidão e nostalgia. Eles fizeram uma série de experimentos e, neles, cada participante respondiam questões relacionadas aos sentimentos de solidão, nostalgia e suporte social. Participaram crianças, estudantes universitários e trabalhadores.

O que a pesquisa revelou é que os solitários tem menor suporte social e também que são eles os mais nostálgicos, remetendo-se aos velhos tempos. Outro aspecto é que a nostalgia, com base nos resultados colhidos com os participantes, é vista como uma forma de suporte social, de interação entre as pessoas, diminuindo a sensação de solidão. De acordo com os pesquisadores, as pessoas usam a nostalgia como forma de afastar a solidão. Lembram-se do que foram e do que aconteceu para amenizar a situação do presente.

Para os pesquisadores, as conclusões são importantes para a psicologia clínica e indicam que a nostalgia pode ser usada como uma terapia cognitiva, levando o indivíduo a confrontar a exclusão social e, com isso, evitando-a e à solidão. Os cientistas sugerem que nós, enquanto indivíduos, podemos ser treinados para nos beneficiar do que chamam de função restauradora da nostalgia. E este treino seria aplicado quando alguém se sentisse sem suporte social e estivesse caminhando para a solidão.

Jamais imaginei que a nostalgia tivesse valor terapêutico. E não sei se ela serve, efetivamente, para combater a solidão. O que sei, e vejo muitos dizerem, é que as boas memórias do passado nos conforta, às vezes fazendo com que esqueçamos um momento ruim. Neste aspecto, até concordo com os psicólogos que a nostalgia é uma boa coisa. Quando ao valor dela como terapia, confio no estudo, que é sério. Até por não ter como avaliar se é ou não.

Tenho boas memórias do passado – e também algumas que não o são – e acho que foi esta trajetória que me tornou o que sou hoje. Sem elas, seria outro, diferente. E você, como encara a nostalgia e a solidão? Convive bem com elas? Elas lhe ajudam ou atrapalham? Afinal, a nostalgia pode ajudar ou não? (Via Eureka)

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