UMA CONVERSA DE TRÊS DIAS

O que aconteceria se algo que comeu ficasse "conversando" com você por três dias? Foi o que aconteceu com um amigo, que degustou uma linguiça em viagem ao interior do Espírito Santo, conseguiu uma grande reação, empesteou o carro, irritou a esposa e ficou "conversando" com ela, dia e noite, por três dias. A história, engraçada, é verídica. Eu pesquisei e confirmei que ela ocorreu. Agora, passado o tempo, acaba sendo algo muito engraçado, que proporciona boas risadas. Mas se falar em linguiça, principalmente para levar para casa, ele desconversa.

Gaiato talvez seja o termo certo para classificar um dos nossos amigos. Ele sempre encontra motivo para fazer uma graça, mesmo que seja às custas dele próprio. É, como diria outro amigo, capaz de perder uma amizade, mas não a piada. E por isso estar ao lado dele é sempre muito divertido, com momentos cobertos de risos e de boas histórias.

Nesta semana, dei boas risadas como uma de suas estórias. Tudo começou por ter um outro amigo comprado, em uma viagem ao interior do Espírito Santo, alguns quilos de linguiça – aliás, de um tipo muito apreciado pelos que gostam deste tipo de produto. Com linguiça a mais, ele acabou oferecendo parte ao nosso amigo. A reação dele:

– Você está maluco. Quer acabar com o meu casamento? Se chegar em casa com linguiça, vou ser expulso. É divórcio na certa.

– Mas o que houve de tão grave para que você esteja reagindo desse jeito?, perguntou, espantado, o nosso amigo comum.

E ele explicou. Há algum tempo saiu com a família pelo interior e em uma cidade próxima parou e comeu uma linguiça, das mais elogiadas por todos os apreciadores. E a comida acabou lhe causando uma reação de gases, que foram postos para fora dos jeitos que vocês podem imaginar.

No carro da família, a mulher reclamou: “Não compramos linguiça, compramos? Estou sentindo um cheiro danado”. E ele ficou quieto. Mas à medida que a viagem progredia, a mulher continuava a reclamar do cheiro forte dentro do carro e sempre questionava se haviam ou não comprado o produto.

– Meu bem, devem ser os pães que compramos. Vai ver que são recheados com linguiça. E por isso esse cheio, comentou, disfarçando. E a esposa se acalmou, mas continuou observando o forte cheiro.

Quando chegaram em casa e as coisas foram retiradas do carro, ela fez questão de abrir todos os pacotes para ver de onde vinha o cheiro. Como, no final, não encontrou nada, o meu amigo acabou em uma saia justa e teve de explicar o que tinha acontecido, deixando a mulher muito brava.

O que ele não esperava é que a reação à comida durasse mais. No final, segundo suas próprias palavras, “foi uma conversa de três dias, com a linguiça e eu conversando, de dia e de noite”. E o pior é que a esposa, indiretamente e compulsoriamente, acabou participando da “conversa”. Vocês podem imaginar?

À medida que ia contando a história, ele próprio ria. E acabou perguntando ao amigo: Você acha que eu posso chegar com linguiça em casa? Depois disso tudo?. Eu que ouvia a história fiquei imaginando a cena, com o meu amigo na cama “conversando” com a linguiça e a esposa, de lado, participando da “conversa”. E acabei por dar razão a ela de não querer ver mais o produto.

Ah, e se vocês pensam que é invenção, garanto que não é. Ocorreu, de fato. Sei por confirmar a história com outros participantes. Não tive coragem de perguntar à esposa do meu amigo, mas outros confirmaram, inclusive um casal de amigos que estava no carro, na fatídica viagem, e que presenciou a degustação da iguaria que geraria, depois, a tal “conversa”.

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