A VACINA COMO COMIDA

Por maior que tenha sido o esforço, por mais que governos e organismos internacionais se esforcem, números da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam para a existência de pelo menos 20% do total de crianças no mundo sem cobertura adequada de vacinação.

O resultado dessa falha – sobretudo em nações mais pobres – é a morte desnecessária de milhões de crianças a cada ano. Os números da ONU falam em 2 milhões de mortes, anualmente, por falta de vacina. E o pior é que parece não se ter como avançar, cobrindo todo o universo que necessitaria de vacina.

O que fazer para mudar a situação? Um dos caminhos é a engenharia genética, com a modificação de plantas alimentares. Nelas, seriam colocados genes que levariam à produção dos antígenos que provocam o sistema imunológico e criam as barreiras contra determinadas enfermidades como o sarampo, por exemplo.

Será isso possível? Hoje, não. Mas em todo o mundo existem pesquisadores trabalhando na modificação genética de plantas e alguns, especificamente, na colocação de transgenes que levem à produção dos antígenos necessários. A grande questão, no entanto, é outra: quem vai financiar este tipo de pesquisa? Quem é que vai fazer, por exemplo, a distribuição dos grãos modificados para agricultores em países pobres?

As perguntas são cabíveis porque os responsáveis pela condução destas pesquisas não vêm como elas possam ser exploradas comercialmente. Sem um mercado – já que o alvo seria a população mais pobre – somente com subsídios oficiais e com o comprometimento de organizações seria possível levar avante a pesquisa e, com ela concluída e provada, fazer com que os grãos dos alimentos modificados e transformados em antígenos cheguem a quem deles necessita.

Há, sim, uma possibilidade. Mas há, também, um longo caminho a andar. Se no final dele teremos a vacina na comida é uma questão de futuro. Vamos ter de esperar mais um pouco.

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