Notícias, no meu caso, sempre foi um meio de vida. Jornalista, estive por trás da publicação de muitas delas, não só como repórter, mas como editor de várias áreas de um jornal capixaba. Depois, ao deixar a redação, as notícias ainda continuam provendo meu sustento, já que trabalho para que meus clientes tenham suas informações publicadas.
Considero, por isso mesmo, a mídia importante e relevante o trabalho que ela faz. Mas nas conversas com as mais variadas pessoas tenho ouvido reclamações e mais reclamações da mídia, sobretudo dos jornais, que, dizem, estão todos iguais e que publicam as mesmas coisas. De certa forma, isso é verdade. E podemos colocar a culpa na globalização e na facilidade de comunicação.
Hoje, o que ocorre nos confins do mundo está na sua tela pouco minutos depois. Não mais existe distanciamento. E como tomamos conhecimento das informações pela internet, ao abrir o jornal no dia seguinte ficamos com a sensação que não há nada de novo. Um problema sério que a mídia impressa – no Espírito Santo, no Brasil e no mundo – está tentando resolver, buscando uma saída, tentando se reinventar.
Uma das saídas que os mídia tem buscado é investir no curioso, saindo do que em jornalismo se chama hard news – as notícias mais sérias, mais pesadas. A justificativa é que as pessoas buscam, ao lado da informação séria, entretenimento. O que todos estão promovendo é uma espécie de show, acompanhando o jornalismo de espetáculo da televisão, que mistura informação e diversão.
Você tem alguma dúvida? Então veja alguns exemplos que coletei de informação divulgada nos últimos dias:
- Pesquisadores criam relógio que se manterá preciso por 200 milhões de anos
- Irlandês faz Olimpíadas de arremesso de celulares
- Comissário diz ter sido demitido pela curva do seu bigode
- Menina de 16 anos dá à luz a trigêmeos, pela segunda vez
- Homem de 39 anos tenta se passar por menina na escola
Qual a relevância destas informações? Nenhuma, sob o meu ponto de vista. Se ficássemos sem saber delas, nada, mas absolutamente nada, mudaria em nossas vidas. Mas não só foram publicadas como chamaram a minha atenção. E certamente ocuparam o espaço de algo mais sério, que poderia afetar nossas vidas e não foi publicado.
A mudança nos mídias está levando ao questionamento de para que servem as notícias. Continuo achando que a informação é essencial à vida e que o bom jornalismo tem vez e lugar em todos os cantos do planeta. Mas é inegável que vivemos uma encruzilhada. E por causa dela, o jornalismo está mudando.
Amanhã, certamente, ele não mais será nada do que é hoje. Nem por isso a questão de para que servem as notícias deixará de ser posta.
11 Respostas
Lino, muito bom o texto e apropriado.
Legal o encontro em famÃlia e o grito de guerra,rs.
Boa semana
Legal o enfoque. Desconhecia o termo hard news no jornalismo. E o jornalismo investigativo ? (ou “fofocativo” para muitos ) , é também uma tendência?
Quanto ao irlandês que arremessa celulares..deverá ser processado pelo Conselho Nacional de Psiquiatria, por concorrência desleal.
Até mais.
Eu acho que uma notÃcia não prepcisa ser útil Ãou ter a intenção de mudar qualquer coisa.Concordo que o jornal deve buscar o caminho do entretenimento dotipo que a gente lê dias depois e ainda tem validade.
Eu acho que uma notÃcia não prepcisa ser útil ou ter a intenção de mudar qualquer coisa.Concordo que o jornal deve buscar o caminho do entretenimento do tipo que a gente lê dias depois e ainda tem validade.
Oi Lino
Com a internet, os veÃculos impressos precisam de fato se reinventar para não perderem o bonde da história. Não sei se o jornalismo bizarro é o melhor caminho. Me atrai mais o jornalismo investigativo, com matérias de maior fôlego e apuradas com rigor. Acredito que quanto mais se popularizar a internet, mais os jornais e revistas terão de investir num jornalismo de qualidade, dirigido a um público mais exigente.
Lino,
Essas informações inúteis que você citou são uma consequência do avanço da internet. O noticiário sério e importante e relevante é limitado, mas a quantidade de sites e espaços na net é incomensurável, e eles precisam ser preenchidos de alguma forma. Como o leitor da net a acessa várias vezes ao dia, é preciso arranjar conteúdo… QUALQUER CONTEÚDO para adquirir e manter audiência. Exemplo? Veja a quantidade de informações estúpidas e fotos de celebridades nas páginas dos grandes portais da internet.
E a partir disso, há o fenômeno da audiência errática, aquela que não tem mais fidelidade a um órgão de comunicação e que força que todos eles sejam parecidos e, claro, chamem o leitor por meio de chamadas de assuntos mais leves, vendendo as verdadeiras notÃcias.
Dependendo da noticia é útil, em alguns casos futil.
Big Beijos
Oi Lino, tem um meme prêmio para você no meu blog!
Acredito que toda notÃcia deve ser divulgada, seja útil ou não. Nesse mundo globalizado, é importante estarmos atentos a tudo!
Um abraço!
Se ojornalimpresso procurasse no cotidiano simples as noticias certamente estaria concorrendo com a internet…existe muito do comum fora dos holofotes e nem sempre sao noticias descartaveis como as que citou.
vou pegar uma via, talvez de contramão. ao te ler não pensei em dar minha opinião sobre a sua. tou é aqui pensando porque não consigo mudar o hábito de nada fazer pela manhã antes de ler o jornal de cabo a rabo. tenho milhões de crÃticas sobre o que leio, no entanto continuo lendo. e, pior, não consigo pensar numa vida onde não haja jornais pra eu ler! rs…
um beijo, companheiro!
Acho que todas as notÃcias merecem ser dadas, seja qual for o meio de comunicação. A imprensa escrita está perdendo terreno para a Internet, mas não sei se publicar só notÃcias “bizarras” é uma solução para recuperar os leitores, pois na Internet também tem. Abraço.