VIDAS QUE DEPENDEM DO LIXO

Há alguns dias, aqui neste mesmo espaço, o assunto era a pobreza no mundo, que tem, paradoxalmente, tanto pobre quanto tem de desperdício. Uma parte deste desperdício é transformado em lixo e em países como o Brasil, o que cada cidadão descarta é depositado em um lixão. Em muitos outros países, o lixo é aproveitado e acaba virando, primeiro, energia, e depois outros produtos com a reciclagem.

No caso brasileiro, segundo uma especialista que participou de seminário em Vitória, apenas 2% de todo o lixo recolhido é reciclado. É muito pouco, você dirá¡. Sim, é. Mas representa quase mil toneladas diárias que deixam os lixões e são transformados em outras coisas. Em todo o país, são descartados todos os dias 240 mil toneladas de lixo. Os números, como sempre, são frios. Alguns – e acho que poucos – sabem que por trás desse lixo existem pessoas, algumas vivendo há¡ anos nos lixões, catando garrafas, latas, papel e os vendendo, garantindo com isso o sustento de sua família.

Como mudar? Há poucos dias minha filha lembrava de um episódio de sua infância. Um dia, eu e minha mulher, saímos com ela e meu filho para um passeio. Na época, havia um imenso lixão onde é um dos grandes bairros de Vitória, chamado São Pedro. Próximo dele, paramos, saímos do carro, apontamos para as pessoas que estavam no meio do lixo e dissemos aos nossos filhos: Vocês foram trazidos aqui para verem que o corriqueiro não é a vida que vivem. A intenção – e acho que valeu, pois ficou marcada na memória – foi chamar a atenção, dizendo que enquanto eles tinham tudo, alguns não tinham nada e tinham de viver do lixo.

Ainda hoje, uma ação dessa é cabível. Vivemos em um mundo cor de rosa, olhado do ponto de vista de quem está¡ na linha da pobreza e, por ser pobre e não ter opções, as vezes tem de viver do lixo. O que podemos fazer? Uma coisa simples é separar o lixo seco do úmido, facilitando a coleta do material reciclável. Podemos, também, consumir menos e cuidar para não haver desperdícios. Mas, sobretudo, não só em relação ao lixo – que é um problema sério para o meio ambiente – precisamos caminhar mais, adotando posturas e práticas que poupem energia, economizem comida, evitem o desperdício.

Se quer dar uma contribuição, por pequena que seja, comece a separar o lixo. É simples. Adote dois repositórios, um para o lixo úmido – restos de comida, papéis engordurados, etc. – e um outro para o lixo seco – papéis, embalagens plásticas e de papel, garrafas, etc. Mesmo que no seu bairro ou município não exista coleta seletiva, faça isso. É um meio muito simples e fácil de contribuir para a melhoria do meio ambiente e, de quebra, ainda ajudar quem está¡ na linha da pobreza e precisa do lixão para sobreviver.

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