A possibilidade de quebra de alguns países da Comunidade Europeia, que é real, traz o medo de que o mundo afunde, novamente, em uma profunda crise, deixando de crescer, aumentando o desemprego, diminuindo as compras, enfim, fazendo com que a economia encolha. O que acontecer na Europa irá afetar o mundo, o que significa que cada um de nós seremos também afetados.
Como chegamos a isso? A resposta não é simples e eu, para falar a verdade, não saberia responder. Mas posso apontar o fundamento de tudo o que está acontecendo e ele se chama capitalismo. Desde a sua invenção, com a manufatura em série, este é um sistema, como observou Marx e tem observados economistas em todo o mundo, foi um sistema construído para falhar, apesar de ter sido um sucesso, enquanto os chamados regimes socialistas foram um fracasso.
O homem, embora um ser social é também ganancioso. Sempre quer ter mais e para conseguir isso é preciso que alguém tenha menos, provocando uma partilha desigual da riqueza. Enquanto poucos tem muito, a grande maioria tem muito pouco. Esta é uma verdade também para o que já foi chamado de “primeiro mundo”, o que inclui a Europa e os países que a compõem. A crise que se teme, se houver, não será a última do capitalismo, que sobrevive e se expande exatamente em funções da crise.
O que é diferente de crises anteriores – com exceção da de 2008/2009 – é que os problemas não são mais localizados. Os cidadãos gregos podem perder o emprego e se isso não nos afetasse, talvez não nos importaríamos. Só que a Grécia quebrando provoca um efeito dominó, já que deve o que não tem como pagar e quem emprestou, se não receber, quebra, ampliando o efeito dominó. Aqui, o capitalismo perdeu o seu lado material, de produto, e ganhou o imaterial, do dinheiro. Este é eletrônico e nas transações bancárias feitas todos os dias em todo o mundo o volume negociado é muitas, muitas vezes superior ao físico.
A situação é tal que, devido à grande alavancagem – transformar um real em cem, por exemplo – que o calote da Grécia, de Portugal, da Irlanda, da Espanha e da Itália, os países com maiores débitos e dificuldades irá quebrar o sistema bancário europeu. A consequência é a quebra do sistema bancário mundial. O que move hoje o capitalismo é o consumo, sem ele, o sistema para. E com os bancos quebrados não existe dinheiro.
O ciclo de crises do capitalismo se estreitou. Estivemos à beira do abismo em 2008. Agora, estamos novamente próximos dele. A reflexão necessária seria voltar ao início e responder a como chegamos a isso? Não sou especialista, como disse e, repito, não sei a resposta. Mas uma coisa posso assegurar: a falha é do próprio capitalismo.
Ele é, desde o seu início, um sistema construído para falhar.
E tem falhado, continuamente.
Uma resposta
Só esquecestes de mencionar a França que está táo endividada o quanto Portugal, mas como Sarkozy é uma das estrelas na mídia, pensa que o buraco é bem mais embaixo…
Na Holanda não se percebe tanto assim a crise, ou quem sabe, eles escondem tudo o que não é bom para os “sentidos” dos súditos….
Excelente artigo…
abs,