O RETRATO DO MEU AVÔ

idoso

Sempre que me penso com mais idade, vejo o meu avô.

Aos 90 anos, com familiares em vários Estados, ele viajava sozinho. E foi assim, sozinho, que chegou até a Bolívia, de trem e de ônibus.

Esta e outras histórias me fascinavam. E eu me via viajando. Acho que foi ele quem me despertou o gosto por viajar.

Por que isso? Porque, aos 65 anos – e com mais idade – gostaria de ser como ele: ativo, bem resolvido, saudável e com disposição para enfrentar longas viagens. Ao mesmo tempo, com a paciência de quem senta-se com os netos e conta, em detalhes, repetindo se preciso for, o que fez e como fez.

Como ele, não penso em parar. Meu avô trabalhou até quase os 80 anos. Só então é que se dispôs a viajar, conhecer locais onde nunca tinha ido e reencontrar parentes.

Hoje, com filhos crescidos, estou mais próximo do meu avô. Quero, como ele, poder sentar com netos, contar-lhes o que fiz, como fiz e ver, como acontecia comigo, seus olhos brilharem.

Quero, como ele, ter o respeito, não por ser durão, mas por ser bondoso, sempre disposto a uma palavra de compreensão, de incentivo.

O que eu preciso? Nada. Só a minha vontade. Sei que não sou e nunca serei ele, mas em se tratando de melhor idade – terceira idade – tenho um espelho, o meu avô.

Quero ser, na velhice, um pouco o que ele foi: avô e padrinho. Ouso, até, dizer que era seu neto preferido. E isso, ainda agora, me emociona e me deixa com os olhos marejados.

Padrinho, que saudade!. Mas saiba que você sempre estará presente no meu coração. E me serve agora, como me servirá depois, de modelo.

O que eu quero ser, quando for idoso, é tudo o que meu padrinho e avô foi.

Se conseguir, estarei completo.

 

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