Falar em política e, principalmente, em política é um meio seguro de ouvir os piores conceitos sobre a atividade e quem a exerce. Os políticos, no Brasil, andam mais sujos, como diria um velho amigo, que pau de galinheiro. A população, de um modo geral, não quer ouvir falar nem em um, nem em outro. E quando fala é para colocar em todos pelo menos uma etiqueta: corrupto.
Tenho crítica aos políticos, mas acho que a política é fundamental. E ela não pode ser exercida plenamente sem eles. A democracia reside no exercício da política, mas cabe ao cidadão, que também é eleitor, escolher que político colocará nas várias câmaras legislativas e nos cargos executivos. Neste aspecto, o político é o reflexo do eleitor.
Uma prova disso foi dada por um jornal do Espírito Santo que mandou um repórter acompanhar um candidato, passando-se por assessor dele. O que ele descobriu é que há, por parte do eleitor, um clientelismo explícito. Quando alguém se aproxima do político, o faz pensando em levar vantagem. É a chamada venda do voto, que é dado em troca de um benefício, não em função do que o candidato é, foi e pretende ser em termos de atuação.
Os pedidos são os mais disparatados, desde emprego até dinheiro, mesmo. O jornalista constatou que este tipo de pedido é considerado normal pelo eleitor. E que, embora o faça, continua reclamando do político. Parece que o eleitor vê na disputa eleitoral uma forma de se arranjar, aproveitando um momento para levar vantagem, conseguindo algo pessoal. No trabalho do repórter ficou evidente que em nenhum momento os pedidos têm caráter geral, em favor da comunidade. O eleitor quer é se dar bem.
O mais surpreendente é que este tipo de comportamento não é exclusivo da chamada baixa renda. A constatação do repórter para estes procedimentos foi feita em vários momentos e em bairros de classe média e, até, de classe média alta. Parece ter se instalado, de vez, a Lei de Gérson, com todo mundo querendo levar algum tipo de vantagem. E o coletivo, neste caso, que se dane.
O que a matéria reflete, na verdade, é a má formação política do brasileiro. E ela decorre, muito, da qualidade da educação. Como mostrou o sociólogo Alberto Carlos de Almeida em A cabeça do brasileiro – um livro emblemático e que todos deveriam ler – na medida em que a educação avança, as pessoas começam a mudar seu pensamento. Quando mais educada, mais crítica e mais consciente.
Com o baixo nível de educação o que temos é o clientelismo. E se há – e é claro que existem – políticos que tiram partido dele, proporcionando assistência, dando mimos, comprando votos, eles o fazem por que o eleitor assim o deseja. A proposta de venda do voto, como constatou o jornalista, sempre partiu do eleitor, feita diretamente ao político ou ao seu pretenso assessor.
E se há um mercado para a venda, há sempre alguém disposto a comprar. Assim, os maus políticos se elegem e os eleitores, que os colocam em cargos legislativos ou executivos vendendo seus votos, reclamam que não fazem nada, não são atendidos, ninguém olha pela comunidade. Ora, eles são os responsáveis por isso. Nesse sentido pode-se dizer, sem sombra de dúvida, que estes eleitos representam, sim, seus eleitores.
Eleitor e eleito querem, mesmo, é levar vantagem. E isso por não haver seriedade, nem de um, nem do outro lado. E o pior de tudo é que os candidatos sérios, dispostos a trabalhar em favor da maioria, da comunidade, que não aceita o jogo da compra de votos, acaba perdendo.
ENTREVISTA NO ENTREVISTA
Vaidade? Talvez seja, mas vou usar o espaço para fazer uma promoção. É que dei uma entrevista para o Entrevista Blog falando sobre este espaço, como o manejo e o que penso em relação da ele.
Se você ficou curioso, dê um pulo até lá no Entrevista e leia o texto. Depois, diga o que você achou. Como blogs são convesações, sua opinião é importante.
18 Respostas
LINO
SOBRE O TEMA , vai no meu blog e clica na página DESABAFOS leia e me diga o que acha!
elisabetecunha2008.wordpress.com
beijo lindoooooooooooooooooooooooooo
Oi Lino.
Acredito que esta é uma questão cultural. Desde sempre a polÃtica eleitoral no Brasil foi vista e feita como uma troca de favores, nada a ver com ideologia. O PT, por um tempo tentou dissociar-se desta prática, mas acabou caindo na vala comum (e fétida). Já que os polÃticos, ao se elegeram, não tem escrúpulos em cuidar prioritariamente dos seus interesses pessoais, o eleitor também quer levar o seu. É deprimente, mas, mesmo assim, o paÃs segue em frente. A passo de tartaruga, é verdade.
Um abraço.
Companheiro, vc disse bem: se alguém compra é porque alguém vende. É claro que é uma questão cultural e já sabemos: aculturamento só se muda com educação. E aà caimos no circulo vicioso!
Mas acredito no Brasil! rs…
Beijãozão
Gostei da cara do blog, parece um jornal, ou até um site mesmo! Quanto ao assunto, é vc está certo, o clientelismo faz parte da educação brasileira. Isso é histórico mesmo! Acho que enquanto tiver mais gente pensando no “eu” e menos gente pensando em “nós” a bagunça vai continuar. As vezes eu voto sem pensar muito, mais para ajudar parentes que estão ralando na candidatura de alguém, para ter emprego depois. Não por mim, por mim, não troco um pelo outro. Não consigo enxergar essas pessoas que podem lutar realmente pela população, até pq mesmo que se eleja esse tipo de pessoa não vai ter apoio nenhum com os cobrões lá em cima.
Sei que parece conformismo isso, mas… Quando acredito eu voto, mas quando não, tanto faz, vai dar na mesma porcaria aqui, sempre tem dois lados mais fortes da polÃtica aqui no meu Estado. E o engraçado que muitos trocam de lado entre uma eleição e outra. Xingam, falam mal, mas no futuro estão apoiando aqueles que um dia foram seus adversários polÃticos. É engraçado isso! Boa semana!
A lei de Gerson vem de todos os lados, Lino? Eu, pessoalmente, não tenho candidato nenhum e votar no menos pior seria sacanagem, comigo mesma!
Bjo e otimo findi.
Oi Lino,
Verdadeiro drama de consciência: em quem votar??… graças a Deus não temos esse problema, o Marido é holanda/portuga e eu só tenho obrigação de votar para presidente, pois o meu tÃtulo é de Rotterdam… mas com certeza é um assunto muito mal.. se alguem vende a “sua intenção” e o polÃtico faz essa compra, ambos são corruptos e sem caráter. Os dois deveriam ser banidos do sistema..
Gostei da Entrevista, no que me toca, pois sou blogueira de carteirinha, não sou organizada, mas tento ser e falo em mim, em nós (eu e Marido), em nossos amigos, nas cidades aonde vamos e muito pouco sobre polÃtica ou jornalisticamente falando, em coisas sérias… apenas amenidades e eu? estou muito feliz, pois conheci muito gente legal.
bs, abs
Ola Lino,
Consegui entrar. Acho que o problema é meu computador que não está legal e as vezes breca com alguma coisa. Legal, assim consegui inclusive ler o resumo da sua biografia. Mora em Vila Velha! Que bacana. Deve ser lindo demais. Quanto ao post, acho interessante a compra de votos quando não se tem o voto de cabresto, o voto exposto, não é? Como é que o pseudo-cidadão vai provar que votou em quem lhe pagou? Pode dar uma roubadinha e prometer a varios ao mesmo tempo. Lei de Gerson multiplicada. Afinal de contas, ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão! Socorro!!!!!!!
Vc pode reparar Lino, qdo chega final do ano eleitoral é uma corrida desesperada dos polÃticos quererem mostrar serviço fazendo inúmeras obras para tentar reeleição.
Big Beijos
Não vou passar a mão na cabeça do eleitor, porque este é carente das migalhas que os polÃticos oferecem. Se os polÃticos são forçados à isso, também existe saÃda, basta que eles se unissem contra “os aproveitadores”. Se o povo não fosse carente não existiria essa mendigancia.
Lino, estamos como um cachorro correndo atrás do rabo.
Bom fim de semana! Beijus
Existem aquelas máximas que justificam esse texto.
– Cada povo tem o governante que merece …
– A sociedade brasileira não busca direitos, mas privilégios.
abraços.
O problema é cultural, claro! Mas a educação por si só não basta. mesmo porque boa parte das pessoas que assaltam este paÃs, principalmente,são muito bem educadas. O que precisa ser feito é uma campanha de moralização da polÃtica. Como se faz isso? Simples: causando uma discussão! Como se causa uma discussão? Simples: Anulando seu voto nas próximas eleições! Só assim, dizendo “NÃO” a todos eles, ao invés de escolher o menos ladrão, o Brasil pode ter um pouquinho de esperança. Caso contrário, a esperança já morreu!!!
Ainda hoje tem gente que vende voto por dentadura; mas existem aqueles que agora vendem pelas bolsas esmolas. E continuamos mal… Ahhh, já viu o novo quadro do CQC, chamado Em Foco? Chega a ser impressionante o que os polÃticos fazem para ‘aparecer bem na fita’. Um abraço.
Muitos dos eleitores estão com voto postos à venda. Uns por venda direta e isso sempre atrai a mÃdia. Outros, por venda indireta, quando estão interessados que o familiar, amigo, candidato se eleja para, ao depois, beneficiá-los de algum modo. Uma pena.
oi Lindo
Estive ausente… Estava com saudades!
..Sabe, sou contra essa ‘venda’, mas infelizmentes existem muitas pessoas que necessitam dessa ‘ajuda’… Agora os politicos são aproveitadoresssss, deveria de haver mais ‘cassação”!…
abçs
Cláudia pit
Como já deixei minha opinião sobre este post, agora quero parabenizá-lo pelo blog. O template, então, é um dos melhores da net. Parabéns!!!
É a lei da oferta e da procura. Se vendem é porque tem gente que compra mesmo, uns pela desinformação e outros por canalhice. Beijos e boa semana!!!!
@elisabete cunha – A CORRUPÇÃO SÓ LEVA A CADEIA NUM É MESMO MENINA COPRAS E VENDAS DE VOTOS DA CADEIA!!!!!!!!!
Lino, a polÃtica se faz necessária. Diariamente. No entanto, ela deve passar pela educação. Eu,mais do que ninguém, tenho famÃlia envolvida em polÃtica, mas sinceramente falando, não voto em nenhum deles. Eles sabem disso.Emq uem eu voto?naquele que eu acreditar e que eu possa cobrar sem ter um monte de gente metendo o malho em mim.
No momento, só voto para Presidente e meu tÃtulo foi atualizado na Embaixada Brasileira em Estocolmo. Mas eu creio que até os funcionários aqui, votam por que têm que votar.
dias felizes.
Belo assunto.Vaid ar muitos panos para as mangas.