A educação é fundamental no crescimento das pessoas e do próprio país onde vivem. Isso é o que todos dizem, indo de quem aspira melhorar de vida aos mais altos dirigentes dos países e das empresas. Todos sabemos que uma boa educação faz a diferença, mudando as vidas das pessoas. A questão, aqui e no entanto, não é apenas a educação, mas a sua excelência, o cuidado com a formação, o incentivo ao conhecimento e, sobretudo, à inovação, preparando o estudante para enfrentar os desafios do atual momento em que vivemos. Este, infelizmente, não é o caminho que o Brasil está percorrendo.
Não sou especialista em educação, mas se cheguei onde hoje estou devo às várias e várias horas que passei – e ainda passo – estudando, agora não em uma escola formal, mas com o espírito de aprender sempre. Orgulho-me de dizer que, do lado formal, cursei três faculdades, fiz especialização e mestrado. E fiz tudo isso trabalhando, já que minha família nunca teve recursos que me permitissem somente estudar. Talvez eu não sirva de exemplo, mas defendo que todos se esforcem ao máximo – a tal da meritocracia – para atingir seus objetivos. Se consegui, imagino que todos possam.
Mas não sou o foco deste texto e ele nasce da leitura, ainda incompleta, de Basta de Histórias, de Andrés Oppenheimer. O que o livro nos traz são exemplos de países que foram bem sucedidos investindo forte na educação e adotando a meritocracia para ela. É impressionante o que fazem Cingapura, Coréia do Sul, Finlândia e China, por exemplo. A ideia, que o livro nos “vende” a partir das constatações que se autor fez, é que precisamos parar de olhar para o passado – a história e quem a fez – e olhar adiante, para o futuro, preparando a juventude para o futuro, para um ambiente em que os desafios são muito maiores e em que a experiência passada não serve de referência.
Mas isso funciona? Veja-se o exemplo de Cingapura, uma pequena ilha que importa até água. Em 40 anos, com o foco na educação e na preparação para o futuro, ela saiu de uma das mais pobres nações do mundo para figurar entre as mais ricas, com renda per capita anual de mais de 52 mil dólares. E o país tem apenas 5 milhões de habitantes. Maior e com mais habitantes, a Coréia do Sul fez o mesmo percurso e hoje é uma das líderes mundiais em tecnologia. A China segue o mesmo caminho, assim como a Finlândia. O que todos tem em comum é a preocupação com a educação, sobretudo a que olha à frente, a inovação e a inserção do que hoje se costuma chamar de “sociedade do conhecimento”.
O que Oppenheimer nos mostra é que, não só no caso do Brasil, mas da própria América Latina, temos de deixar de lado a obsessão pelo passado, investindo no futuro. Nossos heróis viveram em outra época, em outro mundo e não são modelos para o que se tem de fazer hoje. Enfrentamos mudanças rápidas e é preciso que o sistema educacional leve isso em conta, formando pessoas que vão nos ajudar a construir o futuro, não estudar o passado, que ainda fica como referencial do que já foi feito, mas não serve de base para o que se deve fazer. O livro é um choque, mostrando uma realidade que nos deixa ainda mais distantes desta “sociedade do conhecimento”.
Vou voltar ao assunto assim que terminar a leitura. Mas do que já li, fica a sensação de que estamos fazendo tudo errado, privilegiando a formação em humanidades e esquecendo a técnica, a ciência, que é de onde vem as inovações. O que Oppenheimer mostra claramente é que só vamos chegar lá se mudarmos o sistema educacional, privilegiando-o, tendo ótimos mestres, pagando bem e, sobretudo, avaliando alunos e professores a todos momento. Excelência é prática e ela, como disse Aristóteles há muito tempo, ela tem de ser exercida e praticada todos os dias.