Quantos de nós somos capazes de, diante de uma violação, dizer alto e em bom som a frase acima, título deste artigo? Não me arrisco com números, mas diria que poucos, bem poucos. A questão serve, e bem, para ilustrar a situação dos direitos humanos, 60 anos após a edição da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pelas Nações Unidas e que deveria ser de cumprimento obrigatório em todo o mundo.
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais”, afirma a Declaração no seu primeiro artigo. Para uma parcela da humanidade isto é verdade, mas para outra, não. Homens e mulheres em várias partes do mundo ainda vivem sob o jugo dos outros, não tendo direitos e nem condições de defender sua liberdade. A situação é mais critica quando se trata de mulheres, que em muitas culturas e sociedades são relegadas a segundo plano, tratadas como pessoas de segunda.
“Todo o individuo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”, diz o artigo terceiro. E quantos morrem fruto da falta de saúde, de condições mínimas de sobrevivência. E quantos são dizimados pela violência e, a partir do seu exercício, perdem a liberdade. Vejam o caso das favelas no Brasil. Nelas, o cidadão obedece e o faz bem depressa se quer viver.
“Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até© que a sua culpabilidade fique legalmente provada” nos diz um dos itens do artigo 11. O que acontece, no entanto, é bem diferente e, de certa forma, somos todos culpados até prova em contrário. E isso tanto em países do Primeiro Mundo quanto dos mais pobres, estejam na África ou na América Latina. A norma parece ser: prender antes e acusar depois.
“Todo o individuo tem direito à liberdade de opinião e de expressão” diz o artigo 20, mas como expressá-la se os meios de comunicação são oligopolizados e todos, sem exceção, defendem os mesmos princípios. A liberdade de expressão, neste caso, é uma utopia, pois só funciona para quem se enquadra na opinião majoritária. Ser contra, no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo, não só é difícil, como implica sérios riscos, às vezes até de morte.
“Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego”, afirma o artigo 23. E o que a gente vê? Trabalho escravo ou semiescravo, condições degradantes, nenhuma proteção ao emprego ou ao trabalhador. Mais uma vez ficamos no sonho, indo na direção de um caminho que, hoje, é utópico.
“Toda a pessoa tem direito à educação”, assegura o artigo 26 e ela deve ser gratuita, pelo menos no que corresponde ao ensino fundamental. No chamado primeiro mundo, isso ocorre. Nas outras áreas do planeta, não. Educação tem sido um privilégio de poucos, que a usam como forma de comandar a maioria, tirando-lhe o senso critico e a fazendo de massa de manobra.
Estes são apenas alguns tópicos da vasta proposição da Declaração. Se estamos há 60 anos e ainda não a implementamos é para desanimar, não? Não é. Aqui, vale o que disse Martin Luther King. É preciso ter um sonho e lutar para que ele se transforme em realidade, conquistando pouco a pouco o que almejamos. O sonho é um mundo pleno, com todos gozando plenamente dos seus direitos, sendo respeitados, recebendo educação, tendo melhores condições de vida, liberdade, segurança, emprego, saúde, trabalho. Sim, é um sonho. Mas ele vale a pena ser vivido.
Se olharmos para trás vamos ver que, a partir da edição da Declaração, muito foi conquistado. Criamos com ela um parâmetro que nos permite medir como está¡ um pais, uma região, uma instituição. E é com base nela, que nos serve de rumo, que podemos lutar pela mudança, criticar a situação existente, mostrar o desrespeito ao que estatui.
A Declaração é uma grande conquista e seus 60 anos, um marco. Graças a ela é que temos a liberdade de falar sobre o assunto, criticar o seu não cumprimento, apontar problemas e ver soluções. Sem ela as coisas certamente seriam muito mais difíceis. E hoje, nesta blogagem, iniciativa do Sam, do Fênix ad Aeternum, temos uma ótima oportunidade de reavivar o sonho, recomeçar um caminho e seguir adiante buscando a concretizarão de uma utopia: a concretizarão da Declaração.
Vamos sonhar – e agir. Sonhando juntos teremos mais condições de realizar o que sonhamos.
12 Respostas
Achei excelente a iniciativa,LINO.
Abraço grande!!
Lino, parece que o mundo só vive os Direitos Humanos no papel ou entao ele só beneficia a alguns.
Nao sei se há algo para ser celebrado depois de 60 anos. Acho os passos lentos demais.
A humanidade continua agressiva e se escondendo atrás de leis que a beneficiam.
Mas o que fazer com as cabecas e coracoes tao endurecidos? Como agir quando nós mesmos nos vemos injusticados ou quando algum bandido mata um pai de familia e deixa órfaos 6 criancas? Acreditar que esse indivÃduo que matou seu pai, tem algum direito? Minha nossa!!! É um tema muito controverso e difÃcil demais de se resolver.
Há tanta fome e desigualdade neste mundo. Há tantas injusticas que fica difÃcil pensar que os homens querem PAZ.
Muito bom o seu post.
Um abraco
Mais do que comemorar, a gente tem que, mais e mais, exercer nossos direitos, né?
Sem esquecer dos nossos deveres, claro.
Bjo.
Lino
Parabens pelo post e obrigada pelo convite.
Não temos muito a comemorar hoje, quem sabe daqui a 60 anos?
Abs
Tio Lino, Obrigado pelo convite, estamos juntos nesta luta, queremos criar uma comissão dos direitos humanos aqui em Confresa-MT,,,,
Um Abraços
ola, Lino!
O poder ainda é o grande entrave para que os direitos humanos nao sejam assimilados peal maioria. É ele que diz as norams , de como funcionar, do que fazer. É preciso, sim, que comece do ´´mais forte´´..porque tudo o que o ´´mais fraco´´ tem é é seu direito ser massacrado quando percebe que o tem.
Um abraço
Iniciativas interessantes que alertam e aproximam 🙂
Parabéns por sua execelente participação nesta Blogagem Lino.Não só com este importante texto como com seu trabalho na elaboração dos selos.
É bom ver pessoas reunidas em torno de um mesmo tema, pois sabemos que SOZINHOS FICA DIFÃCIL, MAS JUNTOS SOMOS PODEROSOS.
Um abraço.
Pensando nas discussões levantadas nos comentários e na Blogagem Coletiva, vim pedir a ajuda de todos vocês, que buscam um futuro melhor.
Participem da Folha do Futuro (www.ofuturoquequeremos.com.br) publicando as notÃcias que vocês gostariam de ler em 2015 e indicando Instituições do Terceiro Setor (ONGs) que já estão trabalhando para a construção de um mundo mais justo para todos.
http://www.ofuturoquequeremos.com.br
Pararabéns pelo pelo texto! Completo.
Excelente post Lino. É triste ver q os direitos humanos não são iguais para todos.
Big Beijos
Lino, o Estado é o grande infrator. Por isso mesmo as Nações Unidas veem cobrando sistematicamente atitudes do governo brasileiro para acabar com a prostituição infantil, trabalho escravo nos meios rurais e principalmente, a violência policial. Beijus