DRUMMOND FALANDO DE AMOR

E agora, José?

Se a festa acabou e José não sabia o que fazer, o mesmo não acontecia com Carlos Drummond de Andrade, seguramente um dos maiores poetas brasileiros e da lí­ngua portuguesa.

Ele sabia. E bem. E não era só de poesia. Também de prosa. E de amores, inclusive o que escondeu por anos e para quem fez belíssimos poemas de amor.

Hoje, é a data de nascimento de Drummond. A lembrança foi da Laura, do Caminhar. E é para lembrar a data e homenageá-lo que, aqui, estão três bons exemplos de sua poesia.

O mundo é grande

O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

(Carlos Drummond de Andrade in “Amar se Aprende Amando”)

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
É semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

A lí­ngua lambe

A lí­ngua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a lí­ngua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.

E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,

entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecida.

São ótimos, não? E você, já os conhecia? O que achou deles?

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